segunda-feira, 11 de junho de 2018

Minha história em Copas do Mundo - 2ª Parte.

Ipuã, 1986...

As lembranças dessa Copa são mais nítidas que a anterior, evidente.

A vinheta da Globo que embalava nossa torcida era "Mexe coração" (aqui), uma cacofonia para formar a palavra "México", país sede e melhor participação Brasileira em uma Copa do Mundo. Mais nostalgia impossível.

Recordo que meus pais assistiam à cada jogo na casa de algum amigo, sempre acompanhados de cerveja e algum tira gosto.

É minha primeira lembrança de comer amendoim.

Foi também, por consequência, a primeira (e, infelizmente, última) Copa que acompanhei sempre indagando meu pai sobre jogos e jogadores.

São filmes em minha memória:

* Meu pai falando que Platini era melhor que Maradonna (seria meu pai anti argentino?).

* Um amigo da família, que assistíamos aos jogos em sua casa, soltou uma frase no gol do Josimar (2º dele na Copa, havia feito um sem ângulo na 1ª partida da seleção, contra a Polônia) que hoje seria politicamente incorreta:

- Aprendeu fazer gol negão?!

* No momento do gol, eu a filha dele contávamos as estrelas das bandeiras do Brasil para ver se todas tinham a mesma quantidade. E ouvimos dos nossos pais que era óbvio que tinha, pois era um símbolo nacional e não uma imagem que cada um desenha como quer. 

* E claro, recordo da desclassificação na casa de outro amigo. O gol perdido no meio do jogo, os erros nas cobranças, a bola batendo na trave, nas costas do goleiro Carlos e entrando de volta... Novamente meu pai explicando: "A trave é neutra gol legal".

* Recordo ainda de chorar (pela primeira vez) por causa de jogo da Seleção. E de ouvir de meu pai: "Não dá pra chorar por essa Seleção, a de 82 ainda dava, mas nessa o time está mais velho, sabia que não tinha chance".

* E por fim, de uma festa junina no sítio, acho que no dia da desclassificação. Uma festa junina linda, no curral do sítio, com muitos parentes e amigos, algo mesmo para esquecer a tristeza pela perda da Seleção na Copa.

* O mais impressionante desse dia foi uma fogueira feita aproveitando uma velha figueira usada como tal, que ao começar a queimar, seus galhos ganharam a silhueta de um homem de braços abertos. Não demorou para ver semelhança com Jesus pregado na cruz e o terço ser rezado em volta da fogueira/figueira/crucifixo.

Foi a última Copa com meu pai.

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