segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Há 23 anos. Há 1 ano.

Ipuã, 16 de Dezembro de 1990.

Um fanático corinthiano de 14 anos assistia time disputar o Campeonato Brasileiro.

Recordo que morava ao lado do Correio e assisti ao jogo sozinho, gravando no vídeo cassete (infelizmente perdi a fita) e lamentando a ausência de meu pai, de quem herdei o corinthianismo e quem nunca havia visto nosso time conquistar título nacional.

Enfrentava o time tido como o melhor do Brasil na época em busca de um título inédito.

O Corinthians era alvo da chacota dos adversários, diziam que era time regional, que vencia apenas estaduais e nunca venceria um torneio nacional.

Um time operário, liderados por um craque no meio campo, um zagueiro habilidoso e um excelente goleiro.

O favoritismo estava do outro lado.

Mas o jogo era mata mata e o outro time nunca levou muita vantagem com a gente neste tipo de torneio.

Vitória incontestável do Timão nos dois jogos.

Tupãzinho foi o autor do gol que pintou o Brasil de preto e branco naquele dia.




Ipuã, 16 de Dezembro de 20012.

Acordei cedo naquele dia para ver o jogo do século.

De um lado um time vitorioso, de grande torcida, cheio de craques, um técnico estrategista, um time que nos últimos anos acostumou-se a vencer torneios importantes, que venceu seu torneio continental de maneira incontestável, tornando-se o melhor time do seu continente e chegando ao mundial de Tóquio com enorme prestígio em seu país.

E do outro lado... o Chelsea.

O favoritismo novamente estava contra nós. Ainda bem, parece que esse negócio de azarão dá sorte pra gente.

"Vão perder de muito", "A Libertadores foi sorte", diziam os antis.

Mas algo me dizia que dava pra vencer.

Acordei cedo e comecei assistir solitário ao jogo.

Na entrada dos clubes, Fábio Santos passa a mão na taça.

Algo me dizia que dava pra vencer.

Começa a o jogo e o Chelsea encurrala o Corinthians. Uma, duas, três vezes Cássio salva.

Fomos para o intervalo com um inacreditável 0 x 0.

Algo me dizia que dava pra vencer.

Veio o 2º tempo e o Corinthians pôs o Chelsea na roda.

Tite (já estou com saudade) mostrava aos ingleses o que era o tal "ferolho" que esse sempre dizia em bom gauchês sobre seu time: bem postado na defesa, adiantando a marcação e saindo no contra golpe.

Numa destas o zagueiro do Chelsea chuta a bola pra frente, Alessando não deixa sair pela lateral e toca para Chicão (os dois juntos desde a série B, nem nos melhores sonhos imaginaram que viveriam algo assim) que enfia a bola para Paulinho que de letra toca para Jorge Henrique (o baixinho que na Libertadores usou a cabeça para a bola chegar em Danilo e deste para Sheik) que de cabeça devolve para Paulinho que chega na cabeça a área (a torcida estava de pé neste momento), rola para Danilo, o pé direito não é o bom mas ele arrisca mesmo assim... a zaga corta mal e a bola sobe... nas alturas Guerrero cabeceia... a bola toca a parte interna do travessão, passa pelos 3 zagueiros ali postados e morre caprichosamente nos fundos da rede.

O mundo era pintado de preto e branco, a fiel que promoveu sua 3ª invasão na história vai à loucura no distante Japão.

Eu quase morri.

Não longe dali, uma irmã ouve a barulheira e liga a TV. O timão estava vencendo e ela diz para a filhinha de 2 anos.

"Quero assistir com o Tio Tatá" diz a menininha que é trazida até mim para acompanhar o final do jogo.

Era o que faltava para ter a certeza de que dava pra vencer.

Juntos assistimos ao final, não sem antes sofrer, não sem antes ela assustar com a infinidade de palavrões que o Tio Tatá xingava.

Gol anulado (justamente, diga-se der passagem), sufoco no finalzinho e então pude explodir minha emoção.

Deu pra vencer... e o mundo foi pintado de Branco e Preto naquela manhã.

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