domingo, 4 de dezembro de 2011

Uma perda irreparável.

Recebi como legado paterno, além das lições de caráter e hombridade, a alegria de ser corinthiano.
E na casa em que nasci e cresci, não daria pra torcer por outro time que não fosse o Corinhians; Único filho homem de um pai fanático pelo Corinthians.
Meu pai era daqueles que, quando jovem, ouvia jogo no rádio, sofrendo pelo timão. Perdia noites de sono quando o time perdia, xingava barbaridade quando o jogo não dava certo e vibrava muito em cada vitória.
E assim cresci vendo-o pronunciar nomes estranhos de jogadores: Zenon, Biro Biro, Wladmir...
E outros, que eu não sabia por qual motivo, recebiam status de divindade ou pessoas da família, já que ele os chamava pelos apelidos: Casagrande, virou Casão; Zé Maria, Super Zé; e um sujeito alto e magrelo com nome grego de Sócrates, chamado simplesmente de Doutor.
Vim a saber anos depois que eram apelidos públicos e não particulares como imaginava aos 6 anos deidade quando ouvi pela primeira vez.
Assim como soube mais tarde que "Doutor", é porque aquele jovem magrelo era médico.
Como podia uma pessoa jogar futebol e estudar medicina?
Aquele lá podia, aliás, podia ser astronauta e jogar futebol se assim ele quisesse.
Ídolo não só dos Corinthianos, mas de todos os brasileiros.
Defendeu o movimento das "diretas já", liderou no Corinthians o maior movimento político/esportivo em favor da democracia que se tem notícia na história mundial: A Democracia Corinthiana.
Disputou duas Copas do Mundo, sem jamais vencê-las (azar da Copa do Mundo, que nunca teve o prazer de ver o Dr. campeão).
Pendurou as chuteiras, virou comentarista de programas de TV, apresentador de talk show e referência nacional nas questões políticas esportivas.
E eu acompanhando sua carreira ao longo dos anos já completamente fã dessa pessoa. Tanto que minha primeira camiseta do corinthians comprada depopis de adulto, é uma réplica da usada pelo timão nos anos 80. Mandei colocar o n°8 em homenagem ao Sócrates, queria colocar seu nome, mas o narcisismo falou mais alto que a idolatria.
O Doutor é daquelas pessoas que a gente gostaria que fosse eterna.
E talvez agora ele seja.
Peço licença às minhas convicções religiosas para imaginar a cena do Dr. Sócrates entrando no céu. Barba mal feita, cabelo despenteado, usando camiseta e tênis.
Deus vai em pessoa recebê-lo, pois afinal, como se sabe, Ele é corinthiano.
O mundo hoje, ficou um pouco pior sem a sua presença.

Excepcionalmente o texto da série "Nos palanques da vida" vai ao ar amanhã. Coincidentmente era um texto futebolístico sobre o corinthians onde o Sócrates é citado.

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