domingo, 22 de outubro de 2017

Outubro em "A Voz Ipuanense".



Mais uma vez a Cultura.
Por Orandes Rocha*

Foi com grata satisfação que assisti ao espetáculo “Viola Enluarada”, do Grupo Minaz, promovido pelo Núcleo Cultural Oswaldo Ribeiro de Mendonça na fachada do próprio Instituto, com cadeiras na rua e gratuito.
O Grupo apresentou clássicos da nossa música caipira com arranjos de instrumentos de orquestras, misturados com instrumentos de música popular. E teve mais: a Maestrina apresentou cada elemento do coral e dos instrumentos e os músicos receberam o público ao final do espetáculo.
Este espetáculo é uma realização do Governo de São Paulo e se apresenta ao longo do ano nas cidades que, seja por iniciativa do Poder Público, seja por pedido de Instituições não Governamentais, se apresenta ao público com um belo show.
Conversando com pessoas presentes no evento e mesmo ao longo da semana que se segui à apresentação, as falas convergiam:
1. Público pequeno para tão belo espetáculo?
2. Ipuã tem público para cultura?
3. Por que Ipuã não tem mais eventos como este?
A primeira questão é discutível.
Não vejo o público tão pequeno assim.
Quase todos os assentos disponibilizados pela organização do evento foram ocupados. Soma-se ainda, moradores da vizinhança com cadeiras na calçada (“e na fachada escrito em cima que é um lar”, como cantou Vinícius de Moraes) prestigiando a apresentação. E mesmo algumas pessoas em pé, o que na hora do aplauso acabou ajudando, pois não tiveram que se levantar para aplaudir como todos os que estavam presentes fizeram.
Claro que se compararmos com shows sertanejos o público é, de fato muito menor, mas seria uma comparação completamente injusta e distorcida.
A segunda questão não existe outra resposta a não ser: SIM, tem público para cultura.
Existe um público cativo, que consome este tipo de evento e que reivindica maior frequência destes.
Mas vale lembrar que cultura envolve também formação de público. E é aqui que nossa cidade peca.
Para formar público é necessário rotina, não pode ser apresentações esporádicas seja na apresentação que for.
Belas iniciativas de apresentação de cinema nas praças como as ocorridas recentemente deveriam ser freqüentes, só assim conseguiremos formar um público para cinema. Não pode ser uma este ano e outra sabe Deus quando.
Prova disso é a bela iniciativa do pessoal que organiza o “Cinema Feliz”, exibindo filmes no anfiteatro do Centro de Formação de Professores. Os organizadores criaram uma rotina, os expectadores sabem em qual época do ano serão realizadas as sessões, já faz parte do calendário cultural da cidade.
O mesmo deveria ser feito com outras atividades culturais.
Para se formar público, este tem que saber o que vai acontecer e quando vai acontecer o evento, o que em nossa cidade, salvo algumas exceções, é raro. Eventos culturais em nossa cidade são esporádicos e isso não contribui na formação do público.
Se apresentar atrações sem rotina pré estabelecida fosse bom para formação de público, as novelas da Globo eram assim.
E por fim, a questão polemica sobre o pouco investimento em cultura na cidade.
Tenho dito isso há alguns anos e reforço: Falta de interesse.
Claro que a falta de verba pesa, afinal a Cultura é o menor Ministério em valores de investimentos e certamente entre as Secretarias de Estado esta proporção se mantém.
Mas afinal, de quanto de dinheiro estamos falando? Quanto precisa para criar uma agenda cultural na cidade? Quanto custa uma mostra de fotografia? Uma peça de teatro? Uma apresentação musical como “Viola Enluarada”? Quanto custa por conta própria a Prefeitura fazer uma semana de cinema na Praça todo ano?
Quanto custa uma Feira do Livro? (lembra quando cobravam nas Redes Sociais que Ipuã era a “única cidade da região que não tinha uma”? Pois é, ainda não tem e não se cobra mais).
Certamente o que se gastou em 2 shows da Expuã daria para pagar todos estes eventos culturais tão carentes em nossa cidade.
Seja como for, a Cultura tem sido uma lacuna preenchida muitas vezes por iniciativas particulares e sem fins lucrativos, como as duas citadas neste texto.
Nos resta, enquanto cidadãos consumidores, parabenizar (e agradecer) a iniciativa dos organizadores que fomentam a cultura em nossa cidade e cobrar que o Poder Público também invista neste setor de maneira maciça e organizada.

*Orandes Rocha sonha em ver Cultura na cidade de Ipuã.

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