quarta-feira, 17 de junho de 2015

Um 16/06 pra ficar (mal) marcado.

Foi em um 16 de junho que a cidade de Washington foi fundada.

Também num 16 de junho morreu Lamartine Babo e um levante de estudantes na África do Sul foi reprimindo violentamente.


E em Ipuã, a operação QI (Quem Indica) do GAECO culminou na apreensão de documentos e prisão temporária de duas personalidades políticas da cidade para melhores investigações.


Telejornais divulgaram o fato, jornais repercutiram, redes sociais pipocaram notas.


Eu mesmo passei o dia todo ontem tentando fazer piada do fato, seja no Blog ou nas redes sociais.


Mas acreditem, por dentro eu não estava feliz.


Ficar feliz seria uma apologia ao bom e velho "quanto pior, melhor" que tanto atrasa a mentalidade política em cidades pequenas, onde a rivalidade foge ao idealismo.

E não posso ter gostado também porque talvez o maior prejudicado disso tudo, quem mais esteja chateado com a situação, seja quem menos merece sofrer com tamanha vergonha.


Falo do Prefeito de Ipuã, pessoa decente, íntegra, honesto e de boa intenção, cujo único erro foi ter nomeado pessoas que ele acreditou que deveria ser grato pelos bons serviços que prestaram na campanha.


Desnecessário, até mesmo por suas qualidades incontestáveis e o clima de revanche eleitoral no ar, Nenê Barriga teria sido eleito sem que nenhum destes novos aliados lhe desse apoio.

E com ele veio, dentre outros, as personas registradas pelas lentes da TV que levaram nossa cidade às páginas policiais.

Pessoas que, diga-se de passagem, não foram condenadas a nada e tampouco sabemos se são, de fato, culpadas.

Estão sendo investigados e até então, cabe o benefício da dúvida.

Só que essa gente trouxe para o seio da Administração Municipal uma organização criminosa que atuava em dezenas de cidades. E talvez aqui o benefício da dúvida fique em xeque.

Até onde eles sabiam que negociavam com quadrilha ou até onde são culpados, somente a investigação para saber, não cabe a nós julgar.

Mas nos cabe atentar aos fatos de que, negociaram com pessoas duvidosas (tanto que o concurso aqui realizado teve que ser cancelado) e quando se faz isso, corre-se o risco de ser arrastado para o epicentro do terremoto.

Ou o GAECO viria aqui por uma simples denúncia ou suspeita?


O desenrolar da história nos dirá.

Enquanto isso, o clima de rivalidade política nas redes sociais expõe algo que venho chamado a atenção há algum tempo.

Pense comigo: imagine que fosse qualquer outro Prefeito, de outro partido que não atendesse pelo número 15, pode imaginar o número e a pessoa que você quiser (Juscelino Maruno, Itamar Romualdo, Léo Nascimento, Dr Alessandro,...). E me responda: como estaria uma parcela do eleitorado de oposição neste momento?

Pelos menos aqueles mais exaltados aqueles acometidos por uma cegueira mental (da qual vergonhosamente já fiz parte) que confere ao seu candidato eleito um salvo conduto para fazer o que ele quiser, mesmo que errado, que ainda assim será defendido de unhas e dentes. Algo visto apenas nos mais radicais Talibãs ou torcedores organizados de clubes de futebol.

Eleitores que basta o prazer de ver "seu lado" no poder para, mesmo sem ganhar benefício algum com isso, se intitular um soldado na defesa das fileiras amigas contra o inimigo do "outro lado". E tem também aqueles que o faz por interesse próprio ou de algum familiar.


Refiro-me àqueles que reclamavam a falta de carnaval e agora acham certo.


Que chamavam a Expuã de quermesse e agora participam de enquete votando em Lucas Lucco e não em Jorge e Mateus como desejo de show na festa.

Que criticavam a falta do Baile de Gala, mas não a falta do Rodeio.


Que reclamavam que apenas Ipuã não tinha Feira do Livro e hoje nem se lembra que continua não tendo.


Que dizia que o salário do servidor era baixo e agora diz que Ipuã paga em dia (como tem sido pago há anos).


Que tripudiou na denúncia sobre os medicamentos vencidos e agora se cala diante de um caso de polícia de proporções jamais vistas.


Todas estas críticas com razão de ser, mas que hoje ao calar-se diante dos fatos ou então partir para o discurso do "os outros também são assim", não me deixa muita opção a não ser classificar como hipocrisia o discurso outrora travestido de idealismo.

E penso por fim na "oposição" e "situação", entre aspas mesmo pois já não sei quem é quem mais nessa política ipuanense.

Oposição que se manteve estranhamente calada desde o primeiro dia de Governo da atual Administração e a situação que por muito menos num passado próximo denunciou problemas em concursos.


Uma CPI é o mínimo que se espera.

Quanto aos envolvidos na operação de hoje, o mínimo que se espera, se têm consideração pelo Prefeito Municipal, é um pedido de demissão.

E quanto ao Prefeito, minha sincera solidariedade neste difícil momento de sua vida política. Ele não merece estar passando por isso!

Um comentário:

  1. Como sempre, palavras muito bem colocadas!
    Que venha as cenas dos próximos capítulos, vez que tenho minhas dúvidas quanto a "inocência" pautada no texto! São várias interrogações que devem ser respondidas!

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