Foi em um 16 de junho que a
cidade de Washington foi fundada.
Também num 16 de junho morreu Lamartine Babo e um levante de estudantes na
África do Sul foi reprimindo violentamente.
E em Ipuã, a operação QI (Quem Indica) do GAECO culminou na apreensão de
documentos e prisão temporária de duas personalidades políticas da cidade para melhores
investigações.
Telejornais divulgaram o fato, jornais repercutiram, redes sociais pipocaram
notas.
Eu mesmo passei o dia todo ontem tentando fazer piada do fato, seja no Blog ou
nas redes sociais.
Mas acreditem, por dentro eu não estava feliz.
Ficar feliz seria uma
apologia ao bom e velho "quanto pior, melhor" que tanto atrasa a
mentalidade política em cidades pequenas, onde a rivalidade foge ao idealismo.
E não posso ter gostado também porque talvez o maior prejudicado disso tudo,
quem mais esteja chateado com a situação, seja quem menos merece sofrer com
tamanha vergonha.
Falo do Prefeito de Ipuã, pessoa decente, íntegra, honesto e de boa intenção,
cujo único erro foi ter nomeado pessoas que ele acreditou que deveria ser grato
pelos bons serviços que prestaram na campanha.
Desnecessário, até mesmo por
suas qualidades incontestáveis e o clima de revanche eleitoral no ar, Nenê Barriga
teria sido eleito sem que nenhum destes novos aliados lhe desse apoio.
E com ele veio, dentre
outros, as personas registradas pelas lentes da TV que levaram nossa cidade às
páginas policiais.
Pessoas que, diga-se de
passagem, não foram condenadas a nada e tampouco sabemos se são, de fato,
culpadas.
Estão sendo investigados e
até então, cabe o benefício da dúvida.
Só que essa gente trouxe para o seio da Administração Municipal uma organização criminosa que
atuava em dezenas de cidades. E talvez aqui o benefício da dúvida fique em
xeque.
Até onde eles sabiam que
negociavam com quadrilha ou até onde são culpados, somente a investigação para
saber, não cabe a nós julgar.
Mas nos cabe atentar aos
fatos de que, negociaram com pessoas duvidosas (tanto que o concurso aqui
realizado teve que ser cancelado) e quando se faz isso, corre-se o risco de ser
arrastado para o epicentro do terremoto.
Ou o GAECO viria aqui por uma simples denúncia ou suspeita?
O desenrolar da história nos
dirá.
Enquanto isso, o clima de
rivalidade política nas redes sociais expõe algo que venho chamado a atenção há
algum tempo.
Pense comigo: imagine que
fosse qualquer outro Prefeito, de outro partido que não atendesse pelo número
15, pode imaginar o número e a pessoa que você quiser (Juscelino Maruno, Itamar
Romualdo, Léo Nascimento, Dr Alessandro,...). E me responda: como estaria uma
parcela do eleitorado de oposição neste momento?
Pelos menos aqueles mais
exaltados aqueles acometidos por uma cegueira mental (da qual vergonhosamente
já fiz parte) que confere ao seu candidato eleito um salvo conduto para fazer o
que ele quiser, mesmo que errado, que ainda assim será defendido de unhas e
dentes. Algo visto apenas nos mais radicais Talibãs ou torcedores organizados
de clubes de futebol.
Eleitores que basta o prazer de ver "seu lado" no poder para, mesmo
sem ganhar benefício algum com isso, se intitular um soldado na defesa das
fileiras amigas contra o inimigo do "outro lado". E tem também
aqueles que o faz por interesse próprio ou de algum familiar.
Refiro-me àqueles que reclamavam a falta de carnaval e agora acham certo.
Que chamavam a Expuã de
quermesse e agora participam de enquete votando em Lucas Lucco e não em Jorge e
Mateus como desejo de show na festa.
Que criticavam a falta do Baile de Gala, mas não a falta do Rodeio.
Que reclamavam que apenas Ipuã não tinha Feira do Livro e hoje nem se lembra
que continua não tendo.
Que dizia que o salário do servidor era baixo e agora diz que Ipuã paga em dia
(como tem sido pago há anos).
Que tripudiou na denúncia sobre os medicamentos vencidos e agora se cala diante
de um caso de polícia de proporções jamais vistas.
Todas estas críticas com
razão de ser, mas que hoje ao calar-se diante dos fatos ou então partir para o
discurso do "os outros também são assim", não me deixa muita opção a
não ser classificar como hipocrisia o discurso outrora travestido de idealismo.
E penso por fim na
"oposição" e "situação", entre aspas mesmo pois já não sei
quem é quem mais nessa política ipuanense.
Oposição que se manteve estranhamente calada desde o primeiro dia de Governo da
atual Administração e a situação que por muito menos num passado próximo
denunciou problemas em concursos.
Uma CPI é o mínimo que se
espera.
Quanto aos envolvidos na
operação de hoje, o mínimo que se espera, se têm consideração pelo Prefeito
Municipal, é um pedido de demissão.
E quanto ao Prefeito, minha sincera solidariedade neste difícil momento de sua
vida política. Ele não merece estar passando por isso!
Como sempre, palavras muito bem colocadas!
ResponderExcluirQue venha as cenas dos próximos capítulos, vez que tenho minhas dúvidas quanto a "inocência" pautada no texto! São várias interrogações que devem ser respondidas!