segunda-feira, 29 de junho de 2015

Mais um texto que não publiquei.

Por alguma razão, que acredito ter sido vergonha ou timidez, sei lá, o texto abaixo, escrito em 2013 não foi ao ar no Blog.

Estava inclusive inacabado quando o encontrei em meus guardados.

Tive de concluí-lo e criar coragem para publicá-lo.

O texto foi escrito em 2013, em meio às manifestações que pipocavam nas ruas e a proximidade do centenário do Poetinha Vinícius.

Nem título eu dei. O texto em questão é

Segue o texto na íntegra, com a parte marcada em azul foi a que eu concluí esta manhã.

Como poderão ver o processo criativo do Blogueiro é meio desconexo, o final já havia sido escrito quando abandonei o texto.

Não procurem entender.

Segue o texto:


VINÍCIUS

E não é que a máquina do tempo do Blogueiro funcionou?

Pena que o mecanismo dava apenas para duas viagens e nada mais, o que cá entre nós, limita muito a opção dentro das infinitas possibilidades que o contínuo espaço/tempo nos possibilita.

Grécia Antiga? Nascimento de Jesus? Morte de Jesus? Idade Média? Renascentismo? Descobrimento do Brasil? Bandeirantismo? Velho Oeste? São Paulo no começo do século (semana de arte moderna)? Anos 60 (ditadura militar)? Gol salvador do Basílio em 1977???

Olha quantas opções eu tinha na hora de programar lugar e data no display da máquina.

Ocorre que descobri um problema: para voltar ao Renascimento, por exemplo, eu deveria estar com a máquina em Florença, Itália, pois voltar ao século XIV aqui onde a máquina está, me transportaria para o Séc. XIV mas em Ipuã, o que cá entre nós, não teria muito que ver.

Pior, teria de dar um jeito de ir até a Europa se quisesse ver o Renascentismo.

O jeito foi viajar aqui no Brasil mesmo.

Aproveitando o centenário do Vinícius de Moraes, pensei em viajar até os anos 60 e trazê-lo para conhecer o Brasil de hoje e assim, ele próprio participar das comemorações de seu centenário.

Não foi fácil convencê-lo, queria trazer violão, amigos, whisky,... expliquei-lhe que a máquina do tempo é de professor, que o baixo orçamento me permitiu utilizar não mais que uma Romi-Isetta.

Só o demovi da ideia após explicar que o século XXI foi generoso nos trajes femininos.

- Muito generosos? perguntou-me o Poetinha.

- Não mais que a perda do pudor das moçoilas? disse-lhe aguçando sua curiosidade.

E assim viemos para o começo do Século XXI.

O Poeta estranhou um pouco ao sintonizar rádios da máquina do tempo e ouvir canções que ao invés de letra, pronunciavam interjeições inexplicáveis:

- Bará bará bará, berê berê berê...

- Eu que tchu, eu quero tchá...

- Sei fazer o lê lê lê lê lê lê.

- Underarí underarí...

- Deve ser problema na antena. Menti.

Chegando, ele quis ver Ipanema, praia que ele cantou em verso e prosa.

Demorou mas chegamos, tivemos de passar por avenidas tomadas por manifestantes, além de uma passeata que pedia explicações sobre o sumiço de Amarildo.

Tive de explicar que pessoas continuavam desaparecendo pelas mãos da polícia e que manifestações nas ruas contra o Governo apenas recentemente haviam voltado à tona, pois ele começava a pensar que a máquina não funcionava e que continuávamos nos anos 60, quando estas mesmas coisas aconteciam.

Em Ipanema, perguntou da Helô, mostrei-lhe uma foto da Ticiane, apesar da beleza da mãe resistir aos anos, a idade dela agora bate com a do poeta daquele tempo, e como sei que ele prefere mais jovens, a filha foi um boa substituta.

Quis rever Itapoã, praia da Bahia imortalizada por uma canção. Fomos de avião e ele pode conhecer o caos aéreo em que vive o Brasil e sobretudo o preço da passagem. Estranhou a sujeira da praia, mas gostou de ver uma estátua sua no local.

Em todas estas, insistindo para conhecer a música do século XXI e eu fazendo de tudo para disfarçar.

Até que não teve jeito:

- Ou me mostra a produção musical brasileira nas últimas décadas ou volto para os anos 60.

E então mostrei-lhe: Bonde do Tigrão, Tati Quebra Barraco, É o Tchan (cuja expressão de horror às letras só modificava quando via Carla e/ou Sheilas rebolando seu talento), Kelly Key, Latino, Funk (só gostou da Anita mas viu seu DVD no volume zero), MC Créu, foras as duplas sertanejas de uma, quiçá duas, músicas.

Meio constrangido, não me restou muita opção a não ser encerrar nosso tour em Brasília, que ele insistia para saber como a mais futurista cidade do país estaria no futuro.

Fui mostrando e dizendo que de futurista nada havia, uma cidade convencional, burocrata, sede do poder nacional que era Governado há 3 anos pela Presidenta Dilma e...

- Auto lá, somos governados por uma Presidenta em 2013?

- Sim!

- Ela é bonita?

- Entra na máquina logo Vininha...

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