terça-feira, 23 de junho de 2015

Intolerância religiosa.

Uma menina praticante de Candomblé é apedrejada no Rio de Janeiro.

Menos de uma semana depois, um médium é assassinado, também na cidade maravilhosa.

Não se sabe se o assassinato tem conotação religiosa mas estes fatos revelam algo até então inimaginável no Brasil: a intolerância religiosa.

Sempre acreditei que a intolerância religiosa fosse apenas no debate entre aqueles que creem versus aqueles que não creem (ou que pelo menos, duvidam).

Já postei no Blog a opinião do Dr Dráuzio Varela (ateu notório) sobre o tema e como os religiosos se mostravam intolerantes em relação aos que preferiam se apegar na ciência e não na fé.

Lamentavelmente os tempos são outros.

Há religiosos que não aceitam a religião do outro, e isso é preocupante.

Preocupante na medida em que vivemos num país multicultural, onde pessoas de diversos credos e raças convivem, ou pelo menos conviviam, harmoniosamente.

Acontece que o fundamentalismo, e aqui não cabe crucificar esta ou aquela religião, parece cada vez mais presente na sociedade, seja na simples (e equivocada) manifestação de um jogador de futebol, seja nas contundentes opiniões de líderes políticos cujos discursos que confundem política com religião podem estar incitando o ódio nos seus muitos seguidores.

Que não me venha algum "Malafaia" distorcer minhas palavras e dizer que prego contra igrejas que vai ouvir de mim o mesmo que o Malafaia ouviu do Boechat.

Para muitos eu não seria a melhor pessoa a defender o multiculturalismo religioso no país, afinal não sigo qualquer religião e sigo uma linha de me apegar mais na ciência que na fé para explicar as coisas do mundo.

Mas incentivo que, aqueles que creem, busquem na religião, livre de fundamentalismos, o conforto para os momentos difíceis e faça dos rituais (orações, cultos, passes,...) um instrumento para a paz interior.

Desde que gratuitamente, sem a exploração da fé incauta.

E talvez eu seja a melhor pessoa sim, afinal apesar de formado nas ciências históricas que sou, não deixo de reconhecer nas figuras do Padre Cícero Romão Batista e do Médium Chico Xavier, as principais personalidades histórico-religiosas do Brasil no Século XX.

E também apesar de agnóstico, não deixo de valorizar a importância da Igreja Católica na formação histórico-político-cultural-social e educacional do nosso país; de reconhecer o trabalho das igrejas evangélicas na recuperação de dependentes químicos e pessoas em conflito com a lei que, após a sincera conversão, mudam - para melhor - suas vidas.

Não deixo de enaltecer o trabalho humanitário que diversos lares espíritas realizam em favor dos excluídos; nem o exemplo de fé e devoção que nos trás os Testemunhos de Jeová; ou não admirar a beleza da cultura Islâmica tão mal interpretada entre aqueles que não a conhece.

A importância dos cultos afros como Candomblé e Umbanda, arraigados em nossa cultura desde os tempos da colonização, herança dos escravos que contribuíram na cultura do país.

Batistas, Adventistas, Mórmons, Budistas, Xamanistas... a lista é longa.

E porque não dizer, Ateus e Agnósticos.

O Brasil é multifacetado e é isto que torna nosso país tão especial, esta mistura gostosa que nos faz um povo original.

Cada um que viva sua fé, ou a falta dela, respeitando a do próximo.

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