quinta-feira, 25 de junho de 2015

Cristiano Araújo e a imortalidade dos ídolos.

Por si só o enredo já seria trágico: jovem, bonito, rico, no auge da fama, morre em trágico acidente de carro junto com a igualmente bela e jovem namorada.

A comoção sobre a tragédia se deve ao fato do rapaz em questão ser um dos astros da música sertaneja universitária da atualidade, com um repertório nacionalmente conhecido, e os muitos shows Brasil afora, sempre lotados.

São mortes assim que trazem o duro choque de realidade: os ídolos são mortais.

Temos a impressão de que é justamente o contrário, o status de ídolo confere ao idolatrado uma aura de imortalidade, de que tudo o que afeta aos demais seres humanos, e a morte por extensão, lhes são estranhas, imunes, não lhes atingem.

Curioso como a perda do status de ídolo traz para o artista, esportista, escritor, personalidade, todas as realidades até então exclusivas dos "mortais".

Um cantor do passado muito famoso mas que há anos se encontra no ostracismo não causará comoção, não gerará homenagens na TV, ou mesmo programas especiais cobrindo a sua morte.

Tonico e Tinoco que num passado distante eram o que Cristiano Araújo é hoje morreram, com 20 anos de intervalo, e a mídia não lhes rendeu 10% das homenagens que hoje assistimos em todos os canais de TV.

Não que Cristiano não mereça, mas uma dupla que fez tanto pelo Brasil no passado, merecia um pouco mais de consideração.

O enterro de Ayrton Senna teria a comoção que teve se o piloto tivesse morrido velhinho?

Mamonas Assassinas seriam cultuados hoje se não fosse a queda daquele avião?

John Lennon teria ainda a legião de fãs caso vivesse como pai de família ao lado de Yoko?

Paradoxalmente, os ídolos - para serem imortais - têm que morrer durante a idolatria, caso contrário corre o risco de virar apenas uma notinha no jornal.

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