Nesse 2º capítulo, o grande divisor de águas da festa que a partir de 2002 entrava em uma nova fase.
Pena que o modelo adotado e seguido desde então contribuiu, no meu entendimento, para o agravamento da autossuficiência da festa, a ponto de praticamente anunciar sua morte.
O que parece que a atual Administração confirmou minha teoria.
Expuã 2009 (II).
O ano foi 2002.
Para mim, o ano que sentenciaram de morte a Feira da Bondade.
Explico:
Uma
coisa é a Feira da Bondade, festa realizada com objetivo de ajudar às
entidades assistenciais do Município, que nos dias de festa montam suas
barraquinhas e vendem produtos diversos para complementar suas rendas
anuais.
Outra
coisa é a Expuã, que com seus shows magníficos de artistas de renome
nacional, atrai público de cidades vizinhas, o que é bom pois divulga o
nome da cidade, porém às custas de ingressos mais caros, o que é ruim para
as entidades pois diminui o poder de compra do público.
O tempo trataria de mostrar que tais festas são incompatíveis.
Não dá pra ser beneficente trazendo prejuízo aos cofres municipais.
Enquanto
rodeios em cidades vizinhas já deram mais de R$ 100.000,00 de lucro aos
organizadores, a Expuã traz ao erário municipal um prejuízo de mais de
R$ 300.000,00. Prejuízo financeiro, fique bem claro, pois há as
benesses: renda para as entidades, lazer para a população etc...
E por que deste prejuízo?
Porque
nas cidades vizinhas nem sempre é a Prefeitura quem organiza, e quando
é, ela usa a mais importante fonte de arrecadação de um evento anual: o
aluguel de barraquinhas dentro do recinto. O que é proibido aqui, por
ser monopólio das entidades.
Que
fique bem claro que sou contra tal monopólio, só acho que ele não
convive com o padrão de festa impresso desde 2002 e que desde então, ou
se mantém o mesmo "glamour", ou corre-se o risco de ser ridicularizado
pela população.
E
é claro, devido aos grandes patrocínios, de grandes empresas que
algumas cidades contam com a felicidade de tê-las em seu território.
A
Expuã vive hoje uma crise de identidade sem precedentes, ela quer
continuar beneficente, pois o trabalho das entidades da cidade é sofrido
e necessita desta importante arrecadação para poder continuar
desenvolvendo-o com a competência habitual, porém na outra ponta, existe
um público exigente que anseia por grandes artistas e uma Festa em
padrões que a economia da cidade e o poder de compra do Ipuanense, nem
sempre suportam.
E
no meio disso tudo, uma Prefeitura sem dinheiro, que vê na cobrança de
ingressos a principal fonte de arrecadação para minorar o rombo que uma
festa desta promove nos cofres públicos; mas não pode cobrar muito caro
pois há a questão social de promover lazer à população; a questão
assistencial, de dar mais acesso aos cidadãos para consumir dentro da
festa; e a questão política, evidentemente.
A
Prefeitura não conta com patrocínios grandiosos devido a ausência de
grandes empresas na cidade, apega-se então aos pequenos e médios
patrocínios do comércio local, que embora seja de grande ajuda, nem de
longe pagam as despesas dos shows grandiosos a que assistimos.
A
crise econômica mundial, principal responsável na queda de arrecadação e
na consequente possível não realização da Expuã (segundo seus
organizadores), não é, para mim, a causa principal; ela é na verdade um
indício de que estamos há anos insistindo num modelo falido de promover
eventos no Município, indício de que ou se preocupa com a
auto-sustentabilidade da Expuã, por meio de ações eficazes e não apenas
paliativos, ou ficaremos sempre a mercê do “humor da fazenda municipal” a
cada edição do evento.
Trata-se
de um modelo errôneo de gestão de eventos, iniciado exatamente quando
optou-se por fazer da Expuã/Feira da Bondade, um evento grandioso, cheio
de pompa, coexistindo com a ação beneficente que tradicionalmente e
originalmente, marca a festa. Um modelo, repito, falido, criado com o
claro intuito eleitoreiro e que agora, por razões igualmente políticas,
não se consegue mudar.
Uma
possível alternativa para a esquizofrenia a que a Expuã-Feira da
Bondade, a meu ver existe apenas uma. E vou falar sobre ela na 3ª, e
última, parte destas minhas considerações acerca da principal festa
Ipuanense.
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