terça-feira, 21 de maio de 2019

Expuã 2009 (II). [Há 10 anos].

10 anos atrás eu continuava discorrendo sobre a política pública Ipuanense para festas e eventos.

Nesse 2º capítulo, o grande divisor de águas da festa que a partir de 2002 entrava em uma nova fase.

Pena que o modelo adotado e seguido desde então contribuiu, no meu entendimento, para o agravamento da autossuficiência da festa, a ponto de praticamente anunciar sua morte.

O que parece que a atual Administração confirmou minha teoria.


Expuã 2009 (II).

O ano foi 2002.

Para mim, o ano que sentenciaram de morte a Feira da Bondade.

Explico:

Uma coisa é a Feira da Bondade, festa realizada com objetivo de ajudar às entidades assistenciais do Município, que nos dias de festa montam suas barraquinhas e vendem produtos diversos para complementar suas rendas anuais.

Outra coisa é a Expuã, que com seus shows magníficos de artistas de renome nacional, atrai público de cidades vizinhas, o que é bom pois divulga o nome da cidade, porém às custas de ingressos mais caros, o que é ruim para as entidades pois diminui o poder de compra do público.

O tempo trataria de mostrar que tais festas são incompatíveis.

Não dá pra ser beneficente trazendo prejuízo aos cofres municipais.

Enquanto rodeios em cidades vizinhas já deram mais de R$ 100.000,00 de lucro aos organizadores, a Expuã traz ao erário municipal um prejuízo de mais de R$ 300.000,00. Prejuízo financeiro, fique bem claro, pois há as benesses: renda para as entidades, lazer para a população etc...

E por que deste prejuízo?

Porque nas cidades vizinhas nem sempre é a Prefeitura quem organiza, e quando é, ela usa a mais importante fonte de arrecadação de um evento anual: o aluguel de barraquinhas dentro do recinto. O que é proibido aqui, por ser monopólio das entidades.

Que fique bem claro que sou contra tal monopólio, só acho que ele não convive com o padrão de festa impresso desde 2002 e que desde então, ou se mantém o mesmo "glamour", ou corre-se o risco de ser ridicularizado pela população.

E é claro, devido aos grandes patrocínios, de grandes empresas que algumas cidades contam com a felicidade de tê-las em seu território.

A Expuã vive hoje uma crise de identidade sem precedentes, ela quer continuar beneficente, pois o trabalho das entidades da cidade é sofrido e necessita desta importante arrecadação para poder continuar desenvolvendo-o com a competência habitual, porém na outra ponta, existe um público exigente que anseia por grandes artistas e uma Festa em padrões que a economia da cidade e o poder de compra do Ipuanense, nem sempre suportam.

E no meio disso tudo, uma Prefeitura sem dinheiro, que vê na cobrança de ingressos a principal fonte de arrecadação para minorar o rombo que uma festa desta promove nos cofres públicos; mas não pode cobrar muito caro pois há a questão social de promover lazer à população; a questão assistencial, de dar mais acesso aos cidadãos para consumir dentro da festa; e a questão política, evidentemente.

A Prefeitura não conta com patrocínios grandiosos devido a ausência de grandes empresas na cidade, apega-se então aos pequenos e médios patrocínios do comércio local, que embora seja de grande ajuda, nem de longe pagam as despesas dos shows grandiosos a que assistimos.

A crise econômica mundial, principal responsável na queda de arrecadação e na consequente possível não realização da Expuã (segundo seus organizadores), não é, para mim, a causa principal; ela é na verdade um indício de que estamos há anos insistindo num modelo falido de promover eventos no Município, indício de que ou se preocupa com a auto-sustentabilidade da Expuã, por meio de ações eficazes e não apenas paliativos, ou ficaremos sempre a mercê do “humor da fazenda municipal” a cada edição do evento.

Trata-se de um modelo errôneo de gestão de eventos, iniciado exatamente quando optou-se por fazer da Expuã/Feira da Bondade, um evento grandioso, cheio de pompa, coexistindo com a ação beneficente que tradicionalmente e originalmente, marca a festa. Um modelo, repito, falido, criado com o claro intuito eleitoreiro e que agora, por razões igualmente políticas, não se consegue mudar.

Uma possível alternativa para a esquizofrenia a que a Expuã-Feira da Bondade, a meu ver existe apenas uma. E vou falar sobre ela na 3ª, e última, parte destas minhas considerações acerca da principal festa Ipuanense.

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