terça-feira, 14 de maio de 2019

30 anos esta manhã.

Há exatos 30 anos, um garoto de 12 anos vivia o pior pesadelo para uma criança na sua idade: a perda do pai.

E então 3 décadas se passaram com a privação forçada de sua presença.

Às vezes me pego conjecturando sobre como estaria agora.

Não na aparência física, a poucos meses de completar 80 anos, certamente velhinho de cabelos brancos e ralos; mas como estaria se adaptando a esse mundo maluco.

Continuaria na política? Com as mesmas convicções? Discutiria comigo ou me daria razão por estar talvez mais à esquerda do que ele gostaria?

Estaria usando whatsapp? Teria perfil no feicebuqui? Pelo menos teria um celular um pouco mais moderninho?

Corintiano que era, já teria ido à Arena comigo para ver um jogo do Timão? Como teríamos comemorados às muitas glórias recentes?

Festeiro como ele só, ainda beberia sua cervejinha? Gostaria do sertanejo atual? Dançaria com minha mãe quando chegava do sítio?

Como se relacionaria com os netos? E comigo????

Enfim... conjecturas feitas a partir da saudade que bate nessa data maldita.

Verdade é que naquele fatídico Dia das Mães de 1989 minha vida mudou.

Se pra melhor ou pra pior, nunca saberemos.

Eu me tornei o que sou hoje, de bom e de ruim, muito em função desse trágico acontecimento que já me conformei, mas que nunca aceitei.

Nessas horas que chego a sentir falta do pensamento religioso - que há muito tempo não existe mais em mim - de que tudo é parte de um plano maior e que quem sabe das coisas é Ele e não nós. Gostaria mesmo de acreditar que ele está em lugar melhor que o nosso, que de fato existe um deus e que ele escreve certo por linhas tortas e que tudo na vida tem sua hora e seu porquê.

O pensamento religioso tem um poder infinitamente maior de nos confortar que o pensamento científico, de que a vida é uma sucessão de atos aleatórios, que tragédias acontecerão com uns e não com outros e a que aconteceu comigo foi fruto do acaso.

Um acaso que nessa manhã completa 30 anos.

E ainda dói.

Orandes pai e Orandes Jr na travessia de balsa entre São Sebastião e Ilha Bela, no verão de 1984.

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