segunda-feira, 25 de maio de 2015

Saudoso "Sô" Zé.

*Colaborou nestas reminiscências o amigo unespiano de 7 costados, DANILO FERRARI.


Que me desculpe Antoine de Saint-Exúpery mas...

"Era um boteco como cem mil outros, mas fizemos dele nosso lugar em Franca".

A semana passada recebi uma triste notícia: Sô Zé faleceu.

E quem é Sô Zé?

Qualquer Unespiano de Franca do câmpus antigo conhecia o Sô Zé, dono do Bar Santa Rita, localizado na rua Major Claudiano, quase esquina com a Simão Caleiro, aliás onde ficava outro bar, o Fish, que apesar de simples, era uma espaço gourmet se comparado ao Santa Rita.

Mas nós preferíamos o Bar do Sô Zé, com suas cadeiras e mesas na calçada, sua estufa de salgados e máquinas de caça níqueis.

O bar não era frequentado apenas por unespianos, havia seus fregueses cativos: Um chinesinho (que jogava caça níquel), o Véião do Santana (carro sonho de consumo de nós, estudantes dos anos 90), o Santista chato, o Luizinho (que todo dia tinha uma charada, uma pegadinha ou algo assim).

Aliás, sobre o Luizinho contarei uma história curiosa no capítulo de sábado próximo no "Com o lápis na mão", aguardem.

Curioso como tirando o Luizinho, a gente não sabia o nome de mais ninguém ali. Conversávamos horas com estas pessoas sem saber seus nomes, e quando nos referíamos a eles entre nós, usávamos os apelidos acima citados.

E, claro, tinha o Sô Zé.

Que mais que um mero dono, era um membro de todas as turmas que por lá passavam.

Sô Zé participava de nossas conversas sempre de maneira curta, afinal haviam outros fregueses a atender.

Gostava de uma birita e, não raro, estava alguns goles à nossa frente quando lá chegávamos para degustar uma cervejinha.

Com alguma variação, a formação básica oficial dos frequentadores do Sô Zé na minha turma, cadeira cativa, era: Eu, Danilo (que de tanta insistência, bebeu cerveja no último ano de faculdade), Diogo (cujas piadas paravam o bar inteiro para ouví-lo), Moisés (saudoso amigo), Gean e Antônio (duas presenças sempre constantes e bem vindas). E vez ou outra: Deive, Osana, Diana, Odilon e Donizete.

As garotas da sala não gostavam de frequentar aquele boteco, apenas uma ou outra se animava em nos acompanhar.

Mas simplicidade do local não nos impediu de, por exemplo, convidar professores a irem conosco. E muitos foram!!!

A cena era surreal: professores unespianos vestidos com terno e gravata sentados numa mesa de calçada de um boteco em Franca bebendo com alunos. Era a versão unespiana francana dos intelectuais franceses bebendo nos melhores cafés do Boulevard parisiense.

E para lá nos acompanhou outros Professores: Ivan Manoel (nosso paraninfo), Pedro Tosi (em única aparição pública em um boteco com alunos) e Rafael Baitz (único dia em que as meninas da sala nos acompanhou em grande número sem se importar com o aspecto do boteco que elas tanto reclamavam).

Tínhamos orgulho do bar e seu dono. O amigo Moisés chegou citar o Sô Zé nos agradecimentos de seu TCC.

A transferência do Câmpus antigo no centro para o novo (e pasteurizado) Câmpus da Unesp deve ter sido um duro golpe no Bar Santa Rita, acostumado a receber gerações da fina flor dos estudantes unespianos.

Em seguida, o fechamento por motivo de força maior e agora a triste notícia do falecimento de seu proprietário.

Uma pena, nunca mais iremos nos reunir lá.

Resta o consolo de que tudo isso tenha ficado bem gravado na memória daqueles que viveram aquela época tão mágica para todos nós.

E já que comecei parafraseando o escritor francês, termino da mesma forma:

"Foi o tempo que bebemos naquele boteco que fez aquele boteco tão importante".



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário