Caríssimos Santanenses!
Na proximidade dos 63 anos da nossa querida - e eterna - Santana dos Olhos D'água, dou sequência nas reflexões sobre a comemoração da efeméride.
Já falei sobre os shows, não vou repisar.
Quero falar do evento que felizmente, para mim, há anos não acontece: o baile de gala.
Criado para satisfazer os desejos da elite burguesa ipuanense, ansiosa por participar de um evento digno de suas presenças, sem o desconforto de esbarrar em nós, povão, tampouco o dissabor de ser abordado por embriagados de plantão.
Esse baile era para mim, um monumento à desigualdade social.
Nunca gostei, sempre achei que melhor seria usar esse dinheiro para trazer um show legal, não daqueles artistas da crista da onda, mas uma coisa boa pra marcar a data. Prefiro a proximidade da galera ao distanciamento frio da elite.
Meu S2 é povão!!!
Além do glamour exagerado e desnecessário, havia a escolha da miss Ipuã, o que atrapalhava o baile barbaridade. Tava lá curtindo e de repente, havia um brake e o baile parava por quase uma hora.
Um monte de gatinhas de rostinhos vermelhos e chapinhas no cabelo desfilavam, enquanto a elite enchia a pança e torcia por suas preferidas. O anúncio da vencedora durava uma eternidade e o resultado sempre era alvo de críticas, qualquer que fosse ele.
Sempre sonhei com o dia em que nós, num acesso de fúria revolucionária, invadiríamos esse baile à maneira da tomada da Bastilha, lá na França Absolutista.
Nossa invasão deixaria a elite burguesa perplexa, que, de queixo caído, assistiria à nossa Revolução:
- A banda seria obrigada a tocar Sertanejo, Forró, Pagode e Axé ao invés das baladas anos 50;
- A valsa e o rosto colado seriam substituídos por um bom e velho "rala coxa";
- Cadeiras "arredadas" para aproveitar melhor o espaço;
- Os bem vestidos garçons do baile, seriam agora obrigados a nos fornecer cerveja, e ai se não viesse gelada!
- Legião de homens e mulheres vestidos com camisetas, blusinhas, tênis e alguns até de camisa xadrez e botina no pé, contrastando com os paletós naftalinados e os "pretinhos básicos", que só entraram graças à semanas prévias de dedicação e abstinência alimentar;
- Certamente, a elite ficaria chocada aos ver a cara de repulsa com que comeríamos aqueles embolorados queijos fedorentos e os carpaccios não identificados. Perguntaríamos pelos espetinhos, pastéis e caldos de costela!
- Assim como seria ofensa para eles, a falta de etiqueta na fúria com que devoraríamos as cascatas de camarões.
Já pensaram? Daria até Jornal Nacional.
Felizmente nada disso foi preciso, bastou a revolução silenciosa e cortar o mal pela raiz.
Não pelos mesmos motivos que os meus, mas por questões financeiras.
Ainda assim agradeço profundamente, desejando que o próximo Prefeito, seja ele quem for, não reviva esse apartheid social.
Só duvido que a chamada elite ipuanense, que de refinada não tem nada, saiba o que seja carpaccio.
ResponderExcluirBjos, Ana Paula Rocha.