sábado, 10 de março de 2012

Com o giz na mão.

Comecei minha vida de professor no Cursinho da Unesp.
Certamente já devo ter dito isso aqui, ou no antigo blog.
Por dois anos (2000 e 2001) ensinei literatura para uma turma de 84 alunos, acomodados em uma sala localizada no 3° andar do antigo prédio da Unesp, no centro de Franca/SP.
Acontecia nas minhas aulas, e penso que nas aulas dos demais professores também, um fenômeno interessante, os bilhetinhos.
Apenas no Cursinho da Unesp passei por essa experiência ao longo dos meus 11 anos de sala de aula. Talvez pelo fato da sala ser numerosa e não haver contato tão direto com o aluno (provas e chamadas), o que facilita o anonimato.
Toda aula eu recebia, escrito por algum aluno ou aluna, bilhetes, que eu chamava de "e-mail", que eram passados de aluno em aluno até chegar em minhas mãos.
Muitas vezes eram dúvidas de alunos que, por timidez, vergonha ou praticidade, escreviam suas dúvidas e enviavam até mim, que lia em voz alta e respondia. Mas na maioria das vezes, era sacanagem.
Zoação com algum colega, sarro com times de futebol, alguma chacota envolvendo outro professor e, pasmem, bilhetinhos amorosos.
O que eu recebia de bilhetes amorosos era brincadeira.
Cantadas, elogios,  frases românticas, trechos de músicas, até local e horário de possíveis encontros após a aula. Muitos deles com a seguinte indicação: "leia só para você".
O que eu, evidentemente, atendia, de vez em quando.
Acredito que por ser uma turma mais velha e mais madura (já que o ingresso no cursinho era por meio de avaliação sociocultural também), algumas alunas acabavam criando coragem e pagando pra ver se a sua ousadia teria sucesso.
Claro que o charme do professor funcionava como catalizador nesse processo.

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