quinta-feira, 2 de março de 2017

Unespianos 20 anos: Panelas.

Esqueça questões existenciais do tipo "De onde viemos?" e "Para onde vamos?".

Não tente compreender questões filosóficas e definir o que é epistemologia e o que é ontologia.

Não queira entender cabeça de mulher ou o que faz um Terapeuta Ocupacional.

O grande mistério do Universo é: Como os iguais se atraem no ambiente Universitário.

Por mais que eu tenha tido contato com as turmas antes (XXXIV) e depois (XXXVI) da nossa XXXV Turma de História Noturno, e por mais que também tenha tido, não só eu como quase todos da minha sala, ótimas relações de amizades nessas turmas, não consigo me imaginar em uma delas.

Curioso é que quase prestei vestibular para História em 1995, portanto, se tivesse passado, eu seria uma turma antes da minha. Não dá pra imaginar o curso de História sem muitas das figuraças que formaram comigo.

Como não dá pra imaginar algum deles em outras turmas.

E o mais curioso é como as panelas, inevitáveis, formam-se por afinidade antes mesmo que tal afinidade seja perceptível racionalmente.

No primeiro dia de aula você entra, escolhe um lugar e senta. Então vai conhecendo as pessoas à sua volta, decorando nomes, estabelecendo contatos e quando menos percebe, está formada uma panela cuja aproximação reforça similitudes.

E por "panela", fique bem claro, não é o termo pejorativo, do tipo que se une para promover rivalidade. Até nisso as "panelas" da nossa sala tinham em comum.

Salvo uma ou outra desavença contornável ao longo do curso (eu mesmo tive uma), posso estar muito enganado mas em nenhum momento a sala fragmentou em grupos rivais marcados por sentimentos de ódio ou revanchismo.

Nossas panelas eram só por finidade entre os membros mesmos, sem qualquer traço de sectarismo.

Prova disso que todos alunos que vieram do período diurno para  o noturno sempre foram bem acolhidos por nós. Assim como um ou outro caso de transferência de outra faculdade.

Não vou aqui citar nomes, nem usar o chavão do "poderia ser injusto esquecendo de citar alguém", mas a verdade é que eu certamente esqueceria alguém, ou algum grupo, e seria uma baita injustiça.

Poderia acontecer de algum ex colega se sentir caluniado pela minha classificação arbitrária dele enquanto membro de alguma panela.

Tinha a turma do "Sô Zé". Um grupo de alunos, do qual me incluo, que eventualmente frequentava o saudoso Bar Santa Rita, do saudoso Sô Zé muito mais para bater papo que para beber propriamente. Afinal, éramos estudantes duros naquela época e a cerveja tinha que render.

Havia o grupo intelectual, aqueles que apresentavam sempre seminários impecáveis.

O pessoal do fundão, que contrariando o senso comum, não importunavam a aula.

A turma que se sentava ao lado direito da sala, uns dois grupos, ambos muito unidos e que também apresentavam bons seminários.

Tinha a panela dos Marxistas, como carinhosamente chamavam os colegas militantes engajados da nossa turma.

E, claro, aquela turma formada por alunos que não queriam formar nenhuma panela e sem querer, acabaram se juntando.

No geral, era uma turma de pouca confraternização coletiva.

Tentaram um churrasco em um rancho certa vez, não vingou.

Tentávamos chamar o pessoal pro Bar do Sô Zé, poucos além dos mesmos de sempre, animavam.

Apenas em um churrasco na casa de um colega, no ocaso do curso, conseguimos uma boa adesão.

O próprio encontro de turma tá bem realizado e com tantas participações perdeu o pique do 1º para o 2º. Tanto que nem houve 3º este ano.

Festa mesmo, para todos, somente nas festas Juninas: a 1ª da turma, realizada dentro da Unesp, a 2ª na antiga Praça do Correio e as outras duas, na praça frente ao cemitério.

Seja como for, nestes 4 anos construímos amizades que o tempo e a distância tratou de separar. Mas o o Feicebuqui tem unido.

Espero apenas que não tenhamos que ficar outros 15 anos sem nos ver, para então poder organizar outro belo encontro como o de 2015. 

Encontro, aliás, que me custou uma frente nova para o carro, ao retornar para casa naquele dia. Mas isso é outra história, e eu conto no 3º Encontro no ano que vem.

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