Longe de querer imputar no
mês de agosto a fama de agourento, mas foi justamente neste mês tão querido
para mim que tomei meu maior susto na carreira.
Eu retornava após 1 mês de
férias, portanto sem ritmo de aula, e voltei com tudo.
Montei uma aula para usar
pela primeira vez o projetor que a escola havia comprado, levei os alunos para
uma sala maior e mandei ver na matéria.
O tempo seco, a falta de
ritmo e o esforço excessivo da voz me deixou afônico naquela semana.
Como já havia ficado outras
tantas vezes, não me importei, afinal dava poucas aulas na semana, logo estaria
bem outra vez.
Acontece que na aula seguinte
eu continuava sem voz e assim permaneci durante todo o mês de agosto.
Só fui procurar um médico em
setembro, que me passou remédios e melhorei um pouco.
A leve melhora bastou para
voltar a abusar.
Setembro é o mês da Expuã e
lá fui eu novamente para o tripé poeira-bebida-falar alto (sem perceber) em
meio a barulho, um veneno para a voz.
E a coisa piorou.
Perdi a voz de vez, mas não
parava de dar aula, tinha que esforçar para falar, o que agravava o quadro.
Voltei ao médico e fui
diagnosticado com um calo, ou coisa parecida, não ouvi muita coisa depois da
confirmação do diagnóstico.
Ouvi apenas o doutor dizendo
que uma fonoterapia talvez resolvesse, mas que talvez o melhor mesmo seria a
cirurgia e me deu um afastamento de 1 mês do serviço, o primeiro e até hoje o
único que tive a infelicidade de tirar.
Os meses subsequentes foram
de tratamento intensivo de fonoterapia para reverter o problema.
Fui paciente disciplinado,
mudei velhos (e maus) hábitos, adquiri outros novos (e bons), conseguimos um
progresso 100% e ao procurar outro otorrino, que me acompanha até hoje, e então
pude constatar que o que eu tinha, havia desaparecido.
E desde então todo recomeço
de aula é uma apreensão danada, seja em agosto, seja em janeiro.
Às vezes exagero, basta uma
leve afonia para eu deixar todas fonos e todos os otorrinos disponíveis malucos
com minha preocupação.
Coisa de hipocondríaco que já
levou susto e não quer passar por tudo o que já passou novamente.
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