terça-feira, 1 de maio de 2018

Esquerda x Direita - 3ª Parte.

Curioso como mesmo após o fim da Guerra Fria, o fim das fronteiras Nacionais, a Globalização e a Nova ordem Mundial, ainda estejamos, na 2ª década do Séc XXI, rotulando partidos, pessoas e pensamentos como sendo de Esquerda ou de Direita.

Pior, de maneira simplória e sem fundamentação.

Para os adeptos da Esquerda, a Direita é sinônimo de: Ditadura Militar, opressão dos mais pobres, privilégio das elites, xenofobia, conservadorismo retrógrado.

Para os adeptos da Direita, a Esquerda é sinônimo de: Ditadura, baderna, vitimização, aparelhamento do Estado, doutrinação nas escolas.

E pior, vejo pessoas chamar a Folha de São Paulo de "jornal comunista", e no comentário segunte, outro internauta chamá-la de "fascista".

Por sinal, "comunista" e "fascista" viraram as ofensas da moda.

Se eu digo que defendo a política de cotas para negros e pardos, logo ouço "vai pra Cuba, comunista". Ou se digo por exemplo que defendo a prisão do Lulla, ouço logo "coxinha, fascista e golpista".

Essa polarização por vezes - repito - simplória, me lembra um pouco os tempos de faculdade, na Unesp de Franca onde cursei História entre 1997 e 2000. Curso tradicionalmente frequentado por ideários da esquerda de vários partidos, eu era visto como um Burguês reacionário, afinal eu usava tênis Nike, não fazia pregação política em sala, não me envolvia nas questões políticas estudantis e por mal dosa pecados, votei no Francisco Rossi, que mesmo do PDT (partido de esquerda) era mal visto pelos militantes.

E como, por conta do curso, passei a defender uma postura mais embasada sobre problemas da educação no país, e a criticar o Estado Neoliberal que naquele final de anos 90 aflorava nos Governos FHC e Mário Covas, inclusive com críticas escritas no jornal local da cidade, eu era classificado por alguns como Comunista ou coisa que o valha.

Mal sabia a gente que essa polarização ganharia ares nacionais 2 décadas mais tarde.

Perdoem a pretensão, mas acho modestamente que personifico não apenas a polarização, mas talvez uma zona desmilitarizada entre os dois polos.

Obviamente que por ser favorável à política de cotas e de inclusão das minorias historicamente excluídas do processo de acumulação de riqueza e participação, por defender políticas sociais de transferência de renda, por ser contrário à privatizações de setores que entendo ser obrigação do Estado (como Educação, Saúde e setores estratégicos da economia), me considero alinhado ao pensamento de Esquerda.

O que não me deixa de ser crítico, de considerar Cuba e Venezuela, não só exemplos de Ditaduras, como maus exemplos de Governos de Esquerda. Como também coloco Mao Tsé e Stalin no mesmo nível de atrocidades de Hitler e Mussolini.

Ser de esquerda não me faz ver inimigos em todos que se dizem de direita, ou que defendem a privatização ampla e geral. Apenas divirjo de seus pensamentos, respeitando suas posições.

Confesso apenas não tolerar muito quem defende a volta do Regime Militar ou que afirma que não houve excessos dos militares contra "gente de bem". Mas como bem me ensinou Mário Sérgio Cortella, "a Democracia é tão bela, que permite às pessoas manifestar-se contra a ela; coisa que na Ditadura não é permitido".

Encerro essa série questionando que talvez o mundo esteja mudando e nós estamos perdendo tempo com uma divisão que não acredito que nos levará a algum lugar.

Como seria classificado, por exemplo o Estado Islâmico dentro do maniqueísmo Esquerda x Direita?


2 comentários:

  1. Ser de esquerda ou de Direita não o torna fã de bandido, isso se chama caráter, ou falta dele.
    Não se trata de ideologia é falta de caráter defender bandido e achar que é vítima da sociedade.

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    1. O banditismo fruto da sociedade existe, mas em via de regra, não se enquadram no espectro ideológico Direita-Esquerda.

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