quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Marina Silva: de vilã sinistra à vedete cobiçada.

Quando na elaboração do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que abordei a questão da entrada da indústria cinematográfica no Brasil e o nascimento de uma indústria brasileira de produções cinematográficas, ao veredar pelo caminho da modernização do país e a chegada da eletricidade li que nem sempre esta comodidade foi vista com o entusiasmo dos dias atuais.

A desconfiança com que os cidadãos do país viam a novidade fez com que a energia elétrica demorasse a introjetar na vida dos brasileiros e se transformar no seu sonho de consumo.

É o que o historiador Nicolau Sevcenko muito bem explicou ao dizer que a energia elétrica passou "de vilã sinistra à vedete cobiçada".

Pois bem, consigo analogicamente comparar a situação descrita acima com à da candidata Marina Silva.

Alvo de ataques sistemáticos por parte das duas candidaturas que passaram pro segundo round da contenda eleitoral nacional, Marina Silva agora tem seu apoio disputado pelos dois antagonistas.

Aécio Neves, que a atacou dizendo que ela não fazia parte da nova política pois fora por mais de 20 anos ligada ao PT, inclusive na época do Mensalão, já manifestou abertamente o desejo de ter o apoio de Marina.

E Dilma, que só não diz abertamente que deseja seu apoio por vergonha, de pedir apoio a quem ela espancou durante 30 dias em boa parte de seus 12 minutos de propaganda no horário eleitoral, desqualificando seu programa de governo, ligando-a a setores conservadores religiosos, chamando-a de mentirosa na votação da CPMF, de querer acabar com o Pré Sal e o Bolsa Família, comparada à Jânio e Collor (apesar deste estar na base de apoio da Presidenta).

E poucos dias depois, a "petista", "mentirosa", "destruidora do Bolsa Família", "contraditória" e "sem base de apoio" é o sonho de consumo das campanhas dos finalistas do eterno FlaFlu (ou Inter e Cruzeiro, como disse Juca Kfouri).

O jornalista Gabriel Garcia que escreve no Blog do Noblat resumiu bem a questão no texto cujo título é "Pergunta que não quer calar" (aqui).

Escreveu o jornalista:

"Por que Marina Silva deveria anunciar apoio no segundo turno a Aécio Neves ou Dilma Rousseff se ela representava, segundo a propaganda dos dois, um risco à democracia, aos mais pobres e à mudança?
Agora ela presta?".

É de se pensar se Marina Silva deve mesmo emprestar sua grife a gente tão desqualificada.

Eu, na qualidade de eleitor da Marina Silva, nesse aspecto concordo com a Deputada Reeleita Luiza Erundina, em quem aliás votei nestas eleições, quando disse que "Nem Dilma nem Aécio, temos que ser minimamente coerentes" (aqui).

Razão pela qual deverei anular meu voto pela 3ª vez na vida.

Espero estar sendo "minimamente coerente".

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