sábado, 18 de outubro de 2014

Com o giz na mão.

Quando comecei na carreira docente, lá atrás, no começo dos anos 2000, dar aula de bermuda era algo que eu sempre tive vontade.

Lembrei desse fato agora com essa onda de calor que invade nosso estado e a falta de chuva que contribui para tornar o tempo quase insuportável.

Curioso é que nunca cheguei a dar aula de bermuda.

Não sei se por vergonha ou mesmo por não saber como o patrão reagiria.

Indaguei uma diretora certa vez sobre a possibilidade de dar aula com tal traje.

Ela respondeu que em anos de carreira era a primeira vez que algum professor a questionara sobre, e que não via mal caso fosse alguma bermuda daquelas mais longas, bem abaixo do joelho, inclusive que muitos alunos usavam.

Mesmo assim não animei.

Anos mais tarde vi, com alguma inveja, um colega professor, numa escola particular onde inegavelmente a liberdade é maior, dando aula trajando bermuda.

Mas eu já estava institucionalizado, burocratizado e era já um trintão.

E a burocracia apenas aumentou, pois sempre que me imaginava lecionando em faculdade, imaginava usar blazer. Não o terno completo, apenas o blazer mesmo, algo bem casual com jeans e - evidentemente - tênis.

Também não tive coragem.

Talvez por achar que blazer com tênis num ambiente educacional seria algo beirando o ridículo, talvez por achar exagero usar blazer, talvez por achar que transmitiria uma seriedade excessiva, desproporcional à necessidade, ou talvez, e este acredito ser o principal motivo, lecione em Ribeirão Preto, onde o calor combina muito mais com a bermuda sonhada no começo da carreira que o blazer sonhado recentemente.

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