quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Reforma do Ensino Médio: Tio Orandes resume para vocês.

Hoje, Tio Orandes vai resumir bem resumidinho esta tal "Reforma do Ensino Médio" recém aprovada pelo Senado Federal.

Antes, vejam abaixo o informativo que o Senado divulgou:


Agora, vamos às explicações.

1. Carga Horária.
Para ampliar em 25% a carga horária em 5 anos, provavelmente vem aí a 6ª aula.

Algo normal, várias escolas particulares já adotam 6 aulas diárias em sua grade.

A questão é: Qual disciplina terá sua carga aumentada?

Certamente alguma do "currículo obrigatório" (Português e Matemática, aposto), pois não tem sentido aumentar com algo que não seja obrigatório (falarei sobre isso adiante).

Já o aumento progressivo para 1.400 horas anuais, somente com a expansão da Educação de Tempo Integral, o que seria ótima iniciativa se o Governo mostrasse um plano dessa expansão: vão ampliar escolas parta essa modalidade de ensino? o que fazer com escolas que não têm como ser readequadas para esta modalidade de ensino? novas escolas serão construídas?

E a mais importante pergunta de todas: O gasto a mais que terá com essa reforma está previsto na PEC que limita um teto para os gastos públicos por 20 anos? Pois senão, estão aumentando gastos sem contar com receita parta isso, o que configuraria crime fiscal.

2. Currículo Obrigatório.
Mais uma vez temos o foco em Português e Matemática, pois são as disciplinas avaliadas nos exames internacionais e consequentemente, nos exames de larga escala nacionais e estaduais (Saresp, SAEB, Prova Brasil,...).

Tudo isso para apresentar índices de melhoria na qualidade da educação brasileira. Índices que, diga-se de passagem, em nada refletem a realidade da educação brasileira, muito mais complexa que o simples resultado dos alunos em uma prova anual.

Filosofia e Sociologia foram incluídos depois da polêmica de suas exclusões. Menos mal.

3. Itinerários Formativos.
É como aquelas disciplinas optativas da faculdade.

Neste, os alunos escolhem as disciplinas que desejam estudar.

Alunos bons em exatas, procurarão formação mais aprofundada em exatas; os que têm aptidão em humanas, procurarão disciplinas da grade de humanas; e assim por diante.

E os alunos que desejarem curso profissionalizante concomitante com o Ensino Médio, farão curso técnico profissionalizante.

O diabo é: Todas as escolas do país oferecerão cursos profissionalizantes? Quais serão?

Aqui, novamente temos o problema da rede física: as escolas serão adaptadas para esta modalidade de ensino? Escolas serão construídas? Terá verba para isso após a aprovação da PEC do teto?

E a mais importante questão: O que vão cobrar os vestibulares? Vestibulares importantes, como FUVEST, VUNESP e UNICAMP, norteadores dos currículos das escolas do país (pelo menos das particulares) vão manter a mesma paridade de conteúdos em suas provas? Ou seja, mais questões do "conteúdo obrigatório"?

Ou teremos uma diferenciação curricular entre escolas públicas e privadas que refletirá no resultado dos alunos nestes vestibulares?

O aluno que optar por cursar o "Itinerário Formativo Ciências humanas e sociais aplicadas" ao prestar um vestibular, terá sua prova também com ênfase nestas disciplinas em suas questões?

Teríamos que ter vários modelos de prova: Prova para quem cursou Itinerário de Linguagens, Itinerário de Matemática, etc...

4. Professores.
Finalmente foi explicado que a tal contratação de profissionais com "notório saber" e não necessariamente com formação na área, será exclusivamente para professores dos cursos técnicos profissionalizantes.

Como se configura o notório saber e quem o define, é o mistério da fé que o banerzinho do Senado que está rodando nas redes sociais não explica.


Como não explica muitas outras questões.

Também, o que esperar de uma Instituição até ontem dirigida por Renan Calheiros e atualmente por Eunício Oliveira, ambos muito mencionados na Lava Jato?

Que uma Reforma é urgente e necessária  não tenho dúvidas, mas como foi feita (nas coxas) e empurrada goela abaixo (sem discussão com especialistas) e sobretudo, sem alterar pontos fundamentais da Educação, como a apresentada pelo Governo Temer, sinceramente, melhor ter deixado como estava.

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