quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Devagar com o "anDória" que o Santo é de barro.

Minha saudosa avó usava a expressão "devagar com o andor que o Santo é de barro".

"Andor" é aquele altar móvel, usado para carregar Santos em procissões.

A expressão então alertava para não carregar o andor com muita velocidade pois o Santo, feito de barro (material pouco resistente), poderia cair e se quebrar.

Em bom português, o que a Dona Cida queria dizer era: Cuidado com as aparências, não vá muito afoito confiando em algo que, uma queda pode desmanchar, calma e ponderação é sempre bom.

É inegável que em seu primeiro mês de mandato, o Prefeito João Dória tenha conquistado admiradores dentro e fora da capital paulista.

Eleito no primeiro turno, algo inédito na pauliceia, sobre os escombros do Governo de Fernando Haddad (que não foi ruim, mas pagou o preço de algumas escolhas erradas e principalmente, de ser filiado ao PT) e da politicofobia que o Brasileiro sente nesse momento, a figura de João Dória sobressaiu sobre a de seus adversários com enorme margem de diferença.

Dizendo-se gestor e não político, apresentado-se como empresário bem sucedido (que de fato é, mas diferente de empresários como Antônio Ermírio por exemplo, pois as empresas de Dória fazem basicamente processos de gestão, marketing e sobretudo, lobby para iniciativa privada ou estatal), João Dória acostumado ao ambiente de TV e dono de grande inteligência, deixou pra trás políticos experientes e ganhou a eleição logo no 1º turno.

Se Haddad foi o poste que Lulla conseguiu eleger no ocaso de sua influência política, Dória é o poste que Alckmin escolheu para iluminar o caminho do Governador até Brasília em 2018.

Talvez por isso o debate sobre sua gestão seja muito mais política que administrativa. Petistas o criticam, anti petistas o idolatram.

A Folha, acusa por petistas de ser pró PSDB publicou ontem interessante matéria (aqui) que revela detalhes das ações de Dória que, estariam muito mais promovendo um espetáculo midiático que efetivamente resolvendo os problemas da cidade, principalmente da população mais carente.

Ainda que eu considere, e esta é a mera opinião de um caipira se metendo na política da capital, o João Dória uma enorme nota de R$3,00, acredito que é extremamente cedo para julgar sua administração.

Para o bem ou para o mal.

Esperemos pelo menos o armistício dos 100 dias.

Costumo chamá-lo pejorativamente de Jânio Quadros do Séc XXI, cujos disfarces a ações vestindo-se e executando tarefas de servidores municipais não passa de uma estratégia de marketing. Uma bela estratégia, diga-se de passagem, pois os impactos positivos no imaginário comum do cidadão é a de que finalmente chegou o gestor que todos esperamos.

Suas firulas podem dar certo e este ser o modelo de governo que precisamos? Pode.

Pode dar errado e o Prefeito virar chacota nacional? Pode.

Os problemas de São Paulo podem ser minorados e a cidade virar a capital que sonhamos? Pode.

Podem piorar e Dória terminar o mandato escorraçado? Também pode.

João Dória pode pavimentar o caminho de Alckmin até o Planalto? Pode.

Problema é, vai que Dória resolve pavimentar para si o mesmo caminho. Pode? Até acho que não, mas nunca se sabe...

Mas como a Av Paulista não é a Av Dona Thereza (Ipuã/SP), melhor eu nem entrar muito neste assunto.

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