Para eleitor pensar.
Por Orandes Rocha*.
Mestre Mário Sérgio Cortella no livro “O que
a vida me ensinou” disse:
“Sou um
ser flexível, e ser flexível é muito diferente de ser volúvel. Flexível é
aquele que muda quando considera adequado mudar. Volúvel é aquele que muda por
qualquer coisa”.
E em seu programa na Rádio CBN, o mesmo
Cortella disse, certa feita:
“Quem
tem flexibilidade é capaz de alterar o modo como pensa. Quem é volúvel muda de
pensamento e atitudes por qualquer coisa”.
Com base na afirmação do Filósofo e Educador,
me sinto à vontade para ser flexível em muitas de minhas convicções.
Uma delas, segue abaixo:
Nunca vi com bons olhos o anúncio, durante a
campanha eleitoral, por parte de um candidato a cargo no Executivo, dos membros
de sua equipe administrativa caso seja eleito.
Sempre achei que anunciar ministros,
secretários ou diretores durante a campanha, parecia um desrespeito com o
eleitor, pois no momento em que o candidato deveria mostrar aos eleitores suas
ideias, propostas, discutir temas relativos ao futuro Governo, anunciar membros
de sua futura equipe era uma forma de desviar o foco da campanha.
Hoje penso diferente.
Seria uma atitude interessante, um candidato
a Prefeito anunciar entre suas propostas de Governo, a equipe que o ajudaria a
Governar a cidade pelos próximos 4 anos.
Tal ato abrangeria os 5 princípios fundamentais que, pela Constituição (art 37), devem nortear a Administração Pública:
Art. 37. A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. (CF 1988). (Negritado pelo Blog).
1. Legalidade
Uma vez anunciada a equipe, o voto
legitimaria toda uma Administração e não apenas o candidato.
Era como se cada eleitor estivesse votando
não apenas no Prefeito, mas também no Secretário da Saúde, Secretário de
Negócios Jurídicos, Diretores da Educação e Cultura, Esporte e Turismo,
Cidadania, Negócios de Governo (antigo Chefe do Gabinete), Administração e
Finanças, SAAEI e Infraestrutura (Almoxarifado).
E por que não anunciar quem seriam suas
Diretoras de Escola, seus chefes de Sessões (RH, Compras e Licitações,
Convênios,...)?
2. Impessoalidade
Acabaria com os conchavos pós eleição para
costurar uma base aliada, o bom e velho fisiologismo político que tanto
prejudica a política brasileira.
Ou, iria expor o candidato perante seus
eleitores, caso alguma das indicações ficasse evidente que fora feita por
fisiologismo.
3. Moralidade
Anunciada a equipe, não haveria brechas para
surpresas indesejáveis, sobretudo com nomes rejeitados pela população por
razões públicas e notórias mas que, da confiança irrestrita do Prefeito, acabam
sendo nomeados à “revelia”.
Acabando assim com a prática recorrente de
negar que fulano será Diretor de tal área e, depois de eleito, nomeia assim
mesmo, negando que fizera tal afirmação durante a campanha.
4. Publicidade
Tornar os atos públicos é obrigação de um
candidato.
Sabendo quem serão seus auxiliares, a
população iria dispor de maiores recursos para julgar os candidatos, prever com
maior exatidão como seria o Governo de quem lhe pede voto, quais seriam as
prioridades, tudo baseado no perfil de seus diretores.
Em suma, ajudaria a escolher melhor o candidato,
que teria que pagar com o descrédito público, o ato de voltar atrás no anúncio
feito durante a campanha, caso quisesse nomear alguém diferente do nome
proposto durante a campanha.
5. Eficiência.
Entendo que tal medida faria o candidato
escolher muito bem quem seria sua equipe para anunciar aos eleitores, acabando
com aventuras ou experimentos, e com a prática nefasta de alocar candidatos a
vereador derrotados nas eleições, em Diretorias de Departamentos (algumas
criadas especialmente para poder nomeá-los) estranhas à formação ou experiência
do nomeado.
A escolha seria então pautada por critérios
exclusivamente técnicos, pois seria julgada, com o voto, pela população.
Desta forma, a escolha primaria por nomes com
notório conhecimento nas suas respectivas áreas, em alguns casos, também com
experiência. Ou na pior das hipóteses, boas surpresas que, apesar da
inexperiência na administração direta do serviço público municipal,
apresentassem o mesmo conhecimento público e notório indispensável, compensando
a inexperiência administrativa com o potencial reconhecido por aqueles que com
ele(a) convivem.
Ou não existem inúmeros professores que
poderiam dar bons Diretores de Educação? Inúmeros advogados que poderiam ser
bons Secretários Jurídicos? Vários profissionais da saúde para serem bons
Secretários? Motoristas para ocupar o cargo de Diretor da Infraestrutura? Funcionários
de carreira no SAAEI para ser Diretor da autarquia? Auxiliares Administrativos
para chefiar o setor de compras, convênios ou RH? Etc...
Uma ideia revolucionária nunca antes pensada
por nenhum partido político ou candidatura ou um tiro pela culatra para
sepultar qualquer pretensão de quem adotá-la?
Qual candidato teria coragem de ser o
pioneiro e adotar tal medida em sua campanha e pagar pra ver?
Nesta eleição, nenhum.
Portanto caros eleitores, evitem surpresas:
indaguem seus candidatos sobre quem serão seus Secretários e Diretores, não
aceitem o discurso de “agora não é hora
disso”, até porque depois é tarde para arrepender.
Até mesmo porque seja quem for eleito
Prefeito nesta eleição, ele não precisará mais do seu voto na eleição seguinte.
*Orandes Rocha não é candidato a Prefeito,
mas se fosse, pagaria pra ver esta ideia em prática.
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