Mudanças estruturais: 9 Pontos para discutir a Educação
em Ipuã.
Por Orandes Rocha*.
Voltando à minha zona de conforto e assunto
que mais gosto de falar.
O que mudar nas estruturas da Educação
Ipuanense?
Reforma
curricular.
Entendo ser imprescindível uma completa
reforma curricular na Rede Ipuanense.
Em todos os níveis e modalidades de ensino.
Como já escrevi neste espaço em outra
oportunidade: currículo é o campo da Educação responsável por responder
questões a ela inerentes tais como: O que ensinar? A quem ensinar? Como
ensinar? Quando ensinar? Para que ensinar? Como aferir a qualidade do ensino?
Assim sendo, é necessário repensar:
01. Apostilas.
Tivemos nos últimos 8 anos a utilização de 5
diferentes materiais didáticos apostilados na Rede Municipal: Name COC, Livros
do PNLD, FTD, Gênese e Positivo (atualmente).
Apesar de justificável do ponto de vista
legal, pois a exigência de licitação para materiais apostilados é
imprescindível, é preciso estudar outra maneira de se evitar este atentado do
ponto de vista pedagógico, afinal entre os anos de 2002 e 2009 utilizou-se
apenas um material, por que agora é diferente?
A troca freqüente de apostilas prejudica o
aprendizado e dificulta a preparação de aulas pelos os docentes.
Para se aferir os bons resultados de
determinado material didático é preciso que os alunos utilizem-no por pelo
menos um período completo (de 1º 10 5º ou do 6º ao 9º).
Continuo defendendo um estudo sobre a
viabilidade da criação de um material apostilado próprio (como também já
escrevi neste espaço em outra oportunidade); Um material elaborado em parceria
dos docentes com empresa especializada, onde cada professor se reconheça no
material elaborado quando utilizá-lo e para os cofres públicos (salvo o custo
inicial de elaboração do material), apenas o custo da impressão e correção/atualização
pontual do material ao longo dos anos seguintes à sua implantação.
Ou então que se use os livros de distribuição
gratuita pelo Governo Federal, o que não pode é o material didático ser sujeito
ao humor do mercado (preço e não qualidade) ou ao gosto do Administrador
Público.
02. A grade curricular.
a) 6ª aula.
A inclusão da 6ª aula seria uma experiência a
se pensar.
E como toda experiência, não deveria ser
usada em toda a Rede, mas em turmas e escolas específicas para avaliar a
viabilidade da ideia e gradativamente, caso as avaliações sejam positivas e os
problemas detectados, sanados, ir implantando em toda a Rede.
Quais disciplinas seriam? Isso seria decidido
em comunhão de ideias entre gestores e docentes com base em critérios técnicos
didáticos e de necessidade.
b) Flexibilização dos conteúdos em séries
especificas.
Outra importante medida a ser tomada é a
flexibilização dos conteúdos que os matérias apostilados padronizados usados em
nossa cidade desde 2002 pouco permite, uma vez que estes modelos padronizados
engessam o trabalho docente que se vê obrigado a cumprir o material e,
portanto, com pouca margem para inovações.
O exemplo que sempre cito é para o 9º ano do
Ensino Fundamental, que deveria ter uma ênfase maior, no 2º bimestre e na
disciplina de Língua Portuguesa, em conteúdos como leitura, interpretação e
produção de textos, tendo como foco a participação da cidade no Projeto EPTV na
Escola, aproveitando a tradição e os bons resultados que sempre tivemos neste
Projeto.
E isso, nenhum material didático oferece. É
preciso o professor se desdobrar durante o período de inscrições das redações,
muitas vezes com trabalhos extra classe e ainda ter que cumprir o programa da
apostila.
c) Educação física no horário contrário.
Faz-se necessário criar estratégias, em
comunhão de ideias com os professores da área, para poder retirar a disciplina Educação
Física do horário regular de aulas, alocando-a no contra período ou pelo menos
que seja realizada nos últimos horários das aulas, nas escolas que tiverem
estrutura física para tal mudança.
d) Participações em certames educacionais
diversos.
Como forma de fomento ao estudo.
Olimpíadas Brasileira de Astronomia,
Olimpíadas de Matemática, etc...
03. Creche é Educação Infantil.
Outra medida importante seria a transformação
das Creches em Escolas de Educação Infantil 1, com os CEPEM’s sendo denominados
Escolas de Educação Infantil 2 e desta forma, os docentes escolherem em qual
modalidade de ensino desejam prestar concurso e lecionar: uma que além de
educar tem a função de acolher a criança, cuidando dela enquanto os pais trabalham,
ou na outra cuja função é exclusivamente educar.
04. Fim das férias coletivas para Escolas de
Educação Infantil 1 (Creches).
Uma vez que a função destas escolas também é
acolher a criança, não tem sentido haver férias escolares, uma vez que tais
férias não coincidem necessariamente com as férias dos pais.
Alunos e professores não teriam férias
coletivas.
Os alunos, tirariam férias na mesma época que
seus pais, pois o período de convivência familiar também é importante para seu
desenvolvimento; e os professores e demais funcionários, obviamente que sendo
as férias um direito do trabalhador brasileiro, tirariam suas férias na medida
em que as mesmas fossem vencendo (ao final de 1 ano de trabalho), sendo
substituídos por servidores temporários.
05. Educação de Tempo Integral.
É necessário a real implantação de Escolas de
Educação de Tempo Integram em nossa cidade.
Digo real porque não se trata apenas de
aumentar o horário de aulas, estendendo-o para o período da tarde para uma
escola ser declarada de Educação Integral.
O conceito é muito mais amplo.
Prevê a realização diária de atividades a
serem desenvolvidas em casa e não apenas na sala de aula, prevê que 3 áreas
sejam contempladas com aulas na unidade escolar: Ensino, Esporte e Arte/cultura.
a) O ensino, obrigatório a todos na sua parte
regular (disciplinas da grade curricular); e obrigatório como reforço para os
casos necessários.
b) Esporte e arte oferecidos como disciplinas
optativas ao gosto e aptidão do aluno que, escolheria qual modalidade esportiva
ou artística/cultural melhor lhe agradaria.
Necessitaria de um cronograma de readequação
física das Unidades Escolares para a instalação desta modalidade de ensino.
06. Avaliação em larga escala.
A criação de uma avaliação do ensino na rede
Municipal, elaborada com objetivos exclusivamente diagnóstico e formativo para
balizar ações pedagógicas de correção de rumos ou aperfeiçoamento de
estratégias bem sucedidas.
E por “avaliação”, entenda-se não apenas
“prova”; por “ensino”, não entenda-se apenas o “professor”; e por “diagnóstica
e formativa”, a garantia de que tal avaliação não será usada
punições/premiações, ranqueamento de escolas, rótulos, divulgações dos
resultados, ou qualquer outra atitude não condizente com a real função de uma
avaliação crítica.
07. Estagiários de Pedagogia em salas de alfabetização.
A utilização de estagiários do curso de
Pedagogia contribuindo para professores de séries de alfabetização seria outra
excelente iniciativa a ser adotada na Rede Municipal de Educação contribuindo
com uma melhor alfabetização dos nossos alunos.
08. Formação permanente em serviço.
A oferta constante de cursos de formação em
serviço por parte do Departamento de Educação, com a contagem destes cursos
para a progressão funcional do docente, contribuiria para o constante
aperfeiçoamento do docente e o incremento de seu salário.
Poderia ser realizado nos horários de HTPC,
de fato coletivos e com horários para que todos pudessem fazê-los (como era na
ocasião em que instalei a tele sala, logo que deixei o Departamento).
Realizando cursos de formação específicos para as diferentes séries,
disciplinas e modalidades de ensino.
09. Plano de carreira.
Um novo Plano de carreira foi elaborado pelos
professores e apresentado à atual Administração Municipal com pontos
interessantes, que certamente serão discutidos em breve.
Mas gostaria de propor algumas outras
mudanças que julgo importantes:
a) Eleição para Diretor de Escola (o Plano
apresentado prevê apenas a ótima ideia de eleição para Assessor Pedagógico nas
escolas).
b) A criação de jornadas reduzidas de 10 e 15horas/aula.
c) Contagem de tempo e pontos para docentes
que lecionaram em caráter temporário (via Processo Seletivo Simplificado).
*Orandes Rocha foi Diretor do Depto de
Educação entre jan/2005 a mar/2008 e como ele gostaria de saber naquele tempo,
o que ele sabe agora.
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