sábado, 23 de julho de 2016

Julho em A Voz Ipuanense.

Mudanças estruturais: 9 Pontos para discutir a Educação em Ipuã.
Por Orandes Rocha*.

Voltando à minha zona de conforto e assunto que mais gosto de falar.
O que mudar nas estruturas da Educação Ipuanense?

Reforma curricular.
Entendo ser imprescindível uma completa reforma curricular na Rede Ipuanense.
Em todos os níveis e modalidades de ensino.
Como já escrevi neste espaço em outra oportunidade: currículo é o campo da Educação responsável por responder questões a ela inerentes tais como: O que ensinar? A quem ensinar? Como ensinar? Quando ensinar? Para que ensinar? Como aferir a qualidade do ensino?
Assim sendo, é necessário repensar:

01. Apostilas.
Tivemos nos últimos 8 anos a utilização de 5 diferentes materiais didáticos apostilados na Rede Municipal: Name COC, Livros do PNLD, FTD, Gênese e Positivo (atualmente).
Apesar de justificável do ponto de vista legal, pois a exigência de licitação para materiais apostilados é imprescindível, é preciso estudar outra maneira de se evitar este atentado do ponto de vista pedagógico, afinal entre os anos de 2002 e 2009 utilizou-se apenas um material, por que agora é diferente?
A troca freqüente de apostilas prejudica o aprendizado e dificulta a preparação de aulas pelos os docentes.
Para se aferir os bons resultados de determinado material didático é preciso que os alunos utilizem-no por pelo menos um período completo (de 1º 10 5º ou do 6º ao 9º).
Continuo defendendo um estudo sobre a viabilidade da criação de um material apostilado próprio (como também já escrevi neste espaço em outra oportunidade); Um material elaborado em parceria dos docentes com empresa especializada, onde cada professor se reconheça no material elaborado quando utilizá-lo e para os cofres públicos (salvo o custo inicial de elaboração do material), apenas o custo da impressão e correção/atualização pontual do material ao longo dos anos seguintes à sua implantação.
Ou então que se use os livros de distribuição gratuita pelo Governo Federal, o que não pode é o material didático ser sujeito ao humor do mercado (preço e não qualidade) ou ao gosto do Administrador Público.

02. A grade curricular.
a) 6ª aula.
A inclusão da 6ª aula seria uma experiência a se pensar.
E como toda experiência, não deveria ser usada em toda a Rede, mas em turmas e escolas específicas para avaliar a viabilidade da ideia e gradativamente, caso as avaliações sejam positivas e os problemas detectados, sanados, ir implantando em toda a Rede.
Quais disciplinas seriam? Isso seria decidido em comunhão de ideias entre gestores e docentes com base em critérios técnicos didáticos e de necessidade.

b) Flexibilização dos conteúdos em séries especificas.
Outra importante medida a ser tomada é a flexibilização dos conteúdos que os matérias apostilados padronizados usados em nossa cidade desde 2002 pouco permite, uma vez que estes modelos padronizados engessam o trabalho docente que se vê obrigado a cumprir o material e, portanto, com pouca margem para inovações.
O exemplo que sempre cito é para o 9º ano do Ensino Fundamental, que deveria ter uma ênfase maior, no 2º bimestre e na disciplina de Língua Portuguesa, em conteúdos como leitura, interpretação e produção de textos, tendo como foco a participação da cidade no Projeto EPTV na Escola, aproveitando a tradição e os bons resultados que sempre tivemos neste Projeto.
E isso, nenhum material didático oferece. É preciso o professor se desdobrar durante o período de inscrições das redações, muitas vezes com trabalhos extra classe e ainda ter que cumprir o programa da apostila.

c) Educação física no horário contrário.
Faz-se necessário criar estratégias, em comunhão de ideias com os professores da área, para poder retirar a disciplina Educação Física do horário regular de aulas, alocando-a no contra período ou pelo menos que seja realizada nos últimos horários das aulas, nas escolas que tiverem estrutura física para tal mudança.

d) Participações em certames educacionais diversos.
Como forma de fomento ao estudo.
Olimpíadas Brasileira de Astronomia, Olimpíadas de Matemática, etc...

03. Creche é Educação Infantil.
Outra medida importante seria a transformação das Creches em Escolas de Educação Infantil 1, com os CEPEM’s sendo denominados Escolas de Educação Infantil 2 e desta forma, os docentes escolherem em qual modalidade de ensino desejam prestar concurso e lecionar: uma que além de educar tem a função de acolher a criança, cuidando dela enquanto os pais trabalham, ou na outra cuja função é exclusivamente educar.

04. Fim das férias coletivas para Escolas de Educação Infantil 1 (Creches).
Uma vez que a função destas escolas também é acolher a criança, não tem sentido haver férias escolares, uma vez que tais férias não coincidem necessariamente com as férias dos pais.
Alunos e professores não teriam férias coletivas.
Os alunos, tirariam férias na mesma época que seus pais, pois o período de convivência familiar também é importante para seu desenvolvimento; e os professores e demais funcionários, obviamente que sendo as férias um direito do trabalhador brasileiro, tirariam suas férias na medida em que as mesmas fossem vencendo (ao final de 1 ano de trabalho), sendo substituídos por servidores temporários.

05. Educação de Tempo Integral.
É necessário a real implantação de Escolas de Educação de Tempo Integram em nossa cidade.
Digo real porque não se trata apenas de aumentar o horário de aulas, estendendo-o para o período da tarde para uma escola ser declarada de Educação Integral.
O conceito é muito mais amplo.
Prevê a realização diária de atividades a serem desenvolvidas em casa e não apenas na sala de aula, prevê que 3 áreas sejam contempladas com aulas na unidade escolar: Ensino, Esporte e Arte/cultura.
a) O ensino, obrigatório a todos na sua parte regular (disciplinas da grade curricular); e obrigatório como reforço para os casos necessários.
b) Esporte e arte oferecidos como disciplinas optativas ao gosto e aptidão do aluno que, escolheria qual modalidade esportiva ou artística/cultural melhor lhe agradaria.
Necessitaria de um cronograma de readequação física das Unidades Escolares para a instalação desta modalidade de ensino.

06. Avaliação em larga escala.
A criação de uma avaliação do ensino na rede Municipal, elaborada com objetivos exclusivamente diagnóstico e formativo para balizar ações pedagógicas de correção de rumos ou aperfeiçoamento de estratégias bem sucedidas.
E por “avaliação”, entenda-se não apenas “prova”; por “ensino”, não entenda-se apenas o “professor”; e por “diagnóstica e formativa”, a garantia de que tal avaliação não será usada punições/premiações, ranqueamento de escolas, rótulos, divulgações dos resultados, ou qualquer outra atitude não condizente com a real função de uma avaliação crítica.

07. Estagiários de Pedagogia em salas de alfabetização.
A utilização de estagiários do curso de Pedagogia contribuindo para professores de séries de alfabetização seria outra excelente iniciativa a ser adotada na Rede Municipal de Educação contribuindo com uma melhor alfabetização dos nossos alunos.

08. Formação permanente em serviço.
A oferta constante de cursos de formação em serviço por parte do Departamento de Educação, com a contagem destes cursos para a progressão funcional do docente, contribuiria para o constante aperfeiçoamento do docente e o incremento de seu salário.
Poderia ser realizado nos horários de HTPC, de fato coletivos e com horários para que todos pudessem fazê-los (como era na ocasião em que instalei a tele sala, logo que deixei o Departamento). Realizando cursos de formação específicos para as diferentes séries, disciplinas e modalidades de ensino.

09. Plano de carreira.
Um novo Plano de carreira foi elaborado pelos professores e apresentado à atual Administração Municipal com pontos interessantes, que certamente serão discutidos em breve.
Mas gostaria de propor algumas outras mudanças que julgo importantes:
a) Eleição para Diretor de Escola (o Plano apresentado prevê apenas a ótima ideia de eleição para Assessor Pedagógico nas escolas).
b) A criação de jornadas reduzidas de 10 e 15horas/aula.
c) Contagem de tempo e pontos para docentes que lecionaram em caráter temporário (via Processo Seletivo Simplificado).

*Orandes Rocha foi Diretor do Depto de Educação entre jan/2005 a mar/2008 e como ele gostaria de saber naquele tempo, o que ele sabe agora.

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