quinta-feira, 28 de julho de 2016

Finalmente temos uma eleição.

"Não existe eleição ganha".

O mantra acima, repetido à exaustão por políticos bem postados nas pesquisas de intenções de voto, escondem o sorriso de canto de boca daqueles candidatos que sabem que, somente uma tragédia pode lhes tirar a vitória.

Por mais que em determinada eleição, seja "pedra cantada" a vitória de A ou B, a frase acima é dita com ar de desconfiança, para não parecer falsa modéstia, ao mesmo tempo passar ao eleitor a segurança de quem sabe que tá com tudo na mão para vencer.

Curiosamente a frase não seria dita nesta eleição em Ipuã.

Por uma simples razão: teríamos candidatura única.

E por única, a certeza de vitória esperaria apenas descobrir qual a porcentagem de votos seria alcançada, cuidando é claro para que os votos válidos prevalecessem sobre brancos e nulos, não por medo de que a eleição seria anulada, como erroneamente prega o senso comum do eleitorado brasileiro (já desmistificado aqui), mas para não cair no ridículo de ter menos votos que nulos e brancos numa contenda solitária.

Escanteado o vice indigesto e unido ao desafeto da eleição passada, a linha de chegada da vitória era uma faixa no horizonte próximo que o atual prefeito corria a passos largos para cruzá-la.

Não contava com um penetra na festa do Chapão 160 (15 + 23 + 45 + 77). 

Prof Neto, um antigo aliado, que na eleição passada movimentou apoios, angariou votos, pegou em lanças, abandonou o grupo que estava (PPS) para ingressar no projeto Peemedebista para o pleito de 2012; lançou-se ontem, com o amigo de infância e também Professor, Paulo Morandini, Pré Candidato a Prefeito de Ipuã pelo PTB.

Vereador na Legislatura passada pelo PPS, Neto deixou o partido por ter sido preterido na disputa à Prefeitura daquele ano.

Seu plano era lógico: Deixava de ser candidato naquela eleição, apoiaria o candidato mais bem postado nas pesquisas, assumira o Departamento de Educação após a vitória certa, e o Departamento seria uma avenida pavimentada para poder pleitear o sonho que sempre disse alimentar: o de ser Prefeito.

Faltou combinar com os Russos.

Eis que no meio do caminho, uma interrupção forçada tiraria o então Diretor do cargo e do seu projeto político.

Provisoriamente.

Ano passado filiou-se ao PTB e se tornou seu Presidente Municipal, organizando o partido na ideia de concorrer a alguma cargo, talvez vereador.

Não havendo convite nas coligações formadas em torno do Chapão 160, Neto lançou-se pré candidato a Prefeito pelo PTB, em uma chapa formada exclusivamente por candidato a Prefeito e Vice, sem vereadores (a princípio); uma luta inglória contra a elite econômica e política desta cidade unida em torno da reeleição.

Uma espécie de "Um contra todos", um Davi x Golias que faz dessa eleição, já atípica, mais atípica ainda.

Começando pelos arranjos:

Nenê Barriga hoje é aliado do antigo adversário e adversário do antigo aliado. 

Enquanto eleitores e pseudo lideranças Peemedebistas fazem malabarismos para elogiar quem antes criticavam, agora farão ainda mais malabarismos, para criticar quem antes elogiavam. 

Algo que o Dr Diretas, Ulysses Guimarães, profetizou nos anos 70 com a frase célebre: "Em política, você não pode estar tão próximo que amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar".

Passando por um detalhe:

Ambos devem ter esclarecimentos à população, um sobre o outro, para trazer à tona.

Se o fizerem, haja ventilador.

E terminando numa incerteza:

Todos os votos nulos e brancos que o Chapão 160 teria e os votos de rejeição do atual Prefeito canalizarão para o novo candidato?


Quem tinha a certeza que venceria, sem gastar, agora terá que dizer "Não existe eleição ganha".

Seja como for, vejo com bons olhos uma candidatura alternativa à população ipuanense, que não merecia um candidato único (fosse quem fosse), para o bem da nossa democracia.

Ainda que meu voto continue rigorosamente o mesmo (irei exercer meu sagrado direito a anular o voto para Prefeito sem o menor remorso), pelo menos agora teremos, de fato, uma eleição.

Como diz aquele comentarista da NFL no Canal ESPN Brasil: "Temos um jogo Everaldo Marques!!!".

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