Texto extenso mas muito interessante.
Vale a pena conferir.
Nos Palanques da Vida!
A
falta de dinheiro para a campanha eleitoral sempre me impediu de fazer
tudo o que eu sonhava fazer em relação a estratégias de campanha e
marketing eleitoral.
Mas se por um lado faltava dinheiro, por outro sobrava vontade e criatividade.
Vontade
de minha parte e principalmente, por parte de familiares diretos e
amigos, que sem eles não teria conseguido me eleger logo na minha
primeira candidatura.
A
determinação da minha família em me ajudar ficou claro no último dia de
campanha, quando mãe e irmãs cortaram a cidade a pé, distribuindo
“santinhos” de casa em casa e levando minha candidatura aos cidadãos
ipuanenses.
Mas isso é assunto que espero ainda trabalhar melhor em outra oportunidade.
Hoje
vou falar de algumas estratégias que, antes mesmo de realizar os cursos
de marketing eleitoral que realizei nos anos que se seguiram ao meu
ingresso na vida pública, já faziam parte do meu “arsenal” eleitoral,
mesmo que intuitivamente.
Na
minha primeira campanha, eu precisava de um logo, uma marca, algo que
na hora que as pessoas vissem, lembrassem de mim automaticamente.
Recurso que voltei a usar na campanha de 2004 quando sugeri o coração na campanha do Itamar.
Mas o que usar?
Precisava de algo que estivesse me todo o material e que pudesse ser usado como brinde.
Foi aí que me veio à cabeça uma antiga fixação: trevo de 4 folhas.
Um
logo legal, diferente, que usei como brinde (fiz artesanalmente, na
impressora da minha irmã e plastificando o trevo de um lado, e do outro,
nome e número) e algo que as pessoas não jogariam fora, por ser um
símbolo ligado à sorte para quem o tem consigo.
Até hoje encontro pessoas que me mostram os trevinhos guardados na carteira (tanto da campanha de 2000, como de 2004).
Soube mais tarde que o Ademar de Barros usava o trevo de 4 folhas também na época de candidato. Talvez se soubesse isso na época, não teria usado; para não ficar vinculado à figura tão nociva a política brasileira.
O
que seria uma pena, pois poucas pessoas lembravam desse fato e eu teria
perdido uma chance de usar um símbolo criativo e inteligente na
campanha, e que até hoje, mesmo não sendo candidato, virou marca
registrada minha.
Em
2004, pude pagar uma gráfica e assim fazer melhor elaborados. Mas nunca
me esquecendo que tudo começou de maneira artesanal e muito divertida,
imprimindo numa impressora laser-jet na casa da minha irmã.
Elaborei
ainda, em 2000, uma espécie de carta de intenções, um texto meu
explicando o porque de me candidatar e quais seriam as minhas bandeiras
numa possível vitória.
Basicamente,
reafirmando minha intenção de trabalhar pela educação e questões
referentes à juventude, mas que não seria exclusivamente um candidato
dos jovens.
E
pra famosa "boca de urna", inventei de embalar balas com meu número, e
assim, dava balas na fila da eleição para os eleitores que me pediam o
número porque tinha esquecido, e ainda, para os que resolveram de última
hora votar em mim.
Essa tática ficou conhecida, tanto que na eleição seguinte um delegado do partido
de oposição, que em 2000 acompanhou a estratégia das balas e agora
estávamos em lados opostos, me viu na sessão eleitoral e foi logo dizendo:
- Tem balinha aí???
Como quem dizendo que conhecia minhas técnicas e estava de olho em mim.
E eu que nunca me esmoreci diante de ameaças, respondi:
- Tenho sim!
E lhe dei umas duas ou 3, obviamente “frias”, sem meu número nelas.
Como a tática estava conhecida, deixei algumas num bolso sem número, para o caso ser flagrado.
Nessa mesma campanha, usei uns santinhos picotados na parte de baixo ensinando as pessoas a votarem. Assim,
ninguém precisava legar o santinho todo para a votação, bastava
destacar o picotado que ele virava uma “colinha” com nome e número meu e
do prefeito.
Outra
ideia legal, essa usada pela regional do partido, foi usar santinhos
com receitas no verso, assim as pessoas guardavam. Ganhei muitos
santinhos assim e até livrinhos de receita para distribuir aos eleitores
como brinde.
Isso sem falar nos slogans, que eu adorava criar, mesmo que sem base científica (pesquisa qualitativa) para tal.
Em 2000 foi: “Um novo tempo, o nosso tempo”; e em 2004: “Rumo a uma Nova Ipuã”.
Hoje
com a proibição da distribuição de brindes acabou isso tudo; e a
maioria dos candidatos usa o dinheiro - que seria destinado a tais
estratégias de marketing - para pagar cerveja, cesta básica, contas de
energia,... e por aí vai...
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