Eu que já era contra os transgênicos, fiquei mais inimigo da empresa ainda quando esta resolveu usar de um artifício fiscal (legal, diga-se de passagem, porém do ponto de vista moral...) que prejudicaria Ipuã (como de fato prejudicou), como atesta a reportagem abaixo.
Curioso como muita gente, por hipocrisia política, ficou ao lado da empresa. Inclusive com ataques a mim no antigo Blog.
Vai entender essa gente...
Curiosidade: O título original saiu com data errada: 10/11 quando na verdade é 01/10
FOLHA DE SP: 10/10
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Empresa se "muda" para MG e Ipuã sofre
Monsanto passa a vender produção em outro Estado e cidade da região vê cair arrecadação e passa a cortar serviços
Um posto de saúde foi fechado e uma escola ainda não abriu por falta de móveis e funcionários para a nova unidade
LEANDRO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A IPUÃ
Com cerca de 15,8 mil habitantes e uma economia que tem como pilares duas grandes empresas e o plantio da cana-de-açúcar, Ipuã tem visto sua receita cair a cada ano, queda impulsionada pela "transferência" de uma empresa para Minas Gerais. Por causa da falta de dinheiro, a prefeitura já cortou serviços e a previsão do Orçamento para 2010 foi reduzida em R$ 2 milhões.
A situação de Ipuã é semelhante à de muitos municípios pequenos, que dependem quase que exclusivamente de repasses do Estado ou da União ou das receitas geradas por poucas empresas. No caso de Ipuã, a prefeitura alega que a crise se agravou depois que a multinacional Monsanto passou a comercializar em Uberlândia (MG) a produção da unidade existente na cidade.
A Monsanto é uma gigante mundial do setor de sementes, herbicidas e biotecnologia. Em Ipuã, a multinacional processa sementes de milho e sorgo. De acordo com a prefeitura, a transferência da venda para Uberlândia causou queda na arrecadação de impostos, principalmente do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A situação chegou ao ponto de serviços públicos começarem a ser comprometidos. Um posto de saúde foi fechado. A prefeitura devolveu o imóvel alugado no bairro Cristo Semeador, onde funcionava a unidade. Moradores alegam que há outro posto perto, mas faltam remédios e médicos.
"Remédio muito caro a gente sabe que não tem mesmo, mas ontem [quarta-feira] eu fui consultar no posto e não tinha nem dipirona", afirmou a trabalhadora rural Luzani Vieira de Souza, 34. A dona de casa Aricélia Pereira da Silva, 22, tem três filhos e disse que, quando um deles precisa de atendimento, recorre ao pronto-socorro, mesmo que não seja emergência. "No posto de saúde não tem pediatra", disse.
No bairro João Pereira Tavares, a prefeitura construiu uma escola no primeiro semestre deste ano, mas que ainda não abriu. A justificativa é que, com a falta de recursos, não houve como comprar móveis e contratar servidores.
Enquanto a escola não abre, as crianças são atendidas em outro bairro. "[A escola] Vai funcionar só no começo do ano que vem", disse o diretor do Departamento Financeiro, Sebastião Aparecido da Cruz.
Contrastando com a escola e o posto de saúde fechados, a prefeitura está terminando um novo prédio que vai abrigar o Paço Municipal. A obra começou em 2007 e ficou pronta agora, ao custo de R$ 600 mil.
Questionado se não seria o caso de usar os recursos em outras áreas prioritárias, como saúde e educação, Cruz disse que o dinheiro para a construção do Paço foi obtido com a "venda" da folha de pagamento do funcionalismo para um banco. "E o prédio [atual] tem mais de 60 anos", afirmou.
Cruz disse ainda que a Monsanto é uma empresa importante. "É uma opção dela [faturar em Minas], mas se voltasse a vender aqui, melhoraria a nossa situação do ICMS."
Um posto de saúde foi fechado e uma escola ainda não abriu por falta de móveis e funcionários para a nova unidade
LEANDRO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A IPUÃ
Com cerca de 15,8 mil habitantes e uma economia que tem como pilares duas grandes empresas e o plantio da cana-de-açúcar, Ipuã tem visto sua receita cair a cada ano, queda impulsionada pela "transferência" de uma empresa para Minas Gerais. Por causa da falta de dinheiro, a prefeitura já cortou serviços e a previsão do Orçamento para 2010 foi reduzida em R$ 2 milhões.
A situação de Ipuã é semelhante à de muitos municípios pequenos, que dependem quase que exclusivamente de repasses do Estado ou da União ou das receitas geradas por poucas empresas. No caso de Ipuã, a prefeitura alega que a crise se agravou depois que a multinacional Monsanto passou a comercializar em Uberlândia (MG) a produção da unidade existente na cidade.
A Monsanto é uma gigante mundial do setor de sementes, herbicidas e biotecnologia. Em Ipuã, a multinacional processa sementes de milho e sorgo. De acordo com a prefeitura, a transferência da venda para Uberlândia causou queda na arrecadação de impostos, principalmente do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A situação chegou ao ponto de serviços públicos começarem a ser comprometidos. Um posto de saúde foi fechado. A prefeitura devolveu o imóvel alugado no bairro Cristo Semeador, onde funcionava a unidade. Moradores alegam que há outro posto perto, mas faltam remédios e médicos.
"Remédio muito caro a gente sabe que não tem mesmo, mas ontem [quarta-feira] eu fui consultar no posto e não tinha nem dipirona", afirmou a trabalhadora rural Luzani Vieira de Souza, 34. A dona de casa Aricélia Pereira da Silva, 22, tem três filhos e disse que, quando um deles precisa de atendimento, recorre ao pronto-socorro, mesmo que não seja emergência. "No posto de saúde não tem pediatra", disse.
No bairro João Pereira Tavares, a prefeitura construiu uma escola no primeiro semestre deste ano, mas que ainda não abriu. A justificativa é que, com a falta de recursos, não houve como comprar móveis e contratar servidores.
Enquanto a escola não abre, as crianças são atendidas em outro bairro. "[A escola] Vai funcionar só no começo do ano que vem", disse o diretor do Departamento Financeiro, Sebastião Aparecido da Cruz.
Contrastando com a escola e o posto de saúde fechados, a prefeitura está terminando um novo prédio que vai abrigar o Paço Municipal. A obra começou em 2007 e ficou pronta agora, ao custo de R$ 600 mil.
Questionado se não seria o caso de usar os recursos em outras áreas prioritárias, como saúde e educação, Cruz disse que o dinheiro para a construção do Paço foi obtido com a "venda" da folha de pagamento do funcionalismo para um banco. "E o prédio [atual] tem mais de 60 anos", afirmou.
Cruz disse ainda que a Monsanto é uma empresa importante. "É uma opção dela [faturar em Minas], mas se voltasse a vender aqui, melhoraria a nossa situação do ICMS."
Nota do Blog
É
totalmente legal a atitude da Monsanto em faturar em MG, a culpa é da
política fiscal brasileira, apelidada de "Guerra Fiscal", e que os
Estados travam há muito tempo.
Legalidade
à parte, que certamente a empresa deve ter ao seu dispor, os melhores
advogados tributaristas que o dinheiro pode pagar, gostaria de falar da
moralidade.
É absolutamente IMORAL essa atitude.
Recorrer de brechas na lei para obter lucro e assim lesar uma cidade, é uma atitude, para mim, sem o menor escrúpulo.
Claro que uma empresa vive de lucros e essa jogada certamente lhe rendeu lucros. Mas pergunto: às custas de que?
Às custas do prejuízo de impostos para um Município totalmente dependente de ICMS como o nosso?
E a tal “responsabilidade social” que toda empresa prega?
Ou
responsabilidade social para a Monsanto é dar às Prefeitura migalhas
como apresentações de cinema, projetinhos de meio ambiente para escolas ,
etc...?
Pois eu, se Prefeito fosse, agradeceria esses mimos. Quer agradar? Volte o ICMS pra cá.
Mas nada disso me admira, afinal, depois que assisti ao documentário “O Mundo Segundo a Monsanto”,
e conheci um pouco melhor sobre a empresa, comecei a entender a sua
lógica, seus conceitos e objetivos. Principalmente em relação ao capital
humano nas cidades onde ela instala.
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