domingo, 24 de fevereiro de 2019

Mais que uma quarta-feira de cinzas. [Há 10 anos]

Há 10 anos eu expunha pela primeira vez uma teoria de minha autoria sobre a tristeza carnavalesca.

Teoria controversa, refutada por muitos teóricos, filósofos e por palpiteiros de plantão.

Mas o Blogueiro insiste nela mesmo assim, quem sabe um dia o tempo me dê razão.

Há 10 anos atrás eu filosofava sobre o Carnaval


Mais que uma quarta-feira de cinzas.

Se pudesse descrever o carnaval de Savador com uma só palavra, diria "tristeza".

Não que o carnaval mais famoso do país não seja alegre, evidente que é.

Não que a diversão dos 5 dias de carnaval para os turistas, que lá visitam todo ano, não seja garantida, é.

Óbvio que o Carnaval da Bahia é a Meca dos roteiros para todos nós, simples mortais.

Mas sempre que me imagino lá, e sempre me imagino sobretudo nessa época do ano, eu penso no término dessa apoteose, que acontece na quarta-feira de cinzas com o encontro dos Trios Elétricos na Praça Castro Alves (que "é do povo, como o céu é do condor").

Imagino um final de tarde, o sol se pondo no horizonte, os principais trios se encontrando naquele local tão emblemático e é justamente quando o turista tem a consciência de que ACABOU. Se você tem a minha idade, vai se lembrar de ter um nó na garganta quanto terminava o Fantástico com aquela musiquinha e você então se dava conta de que seu fim de semana havia terminado.

Pior se fosse domingo véspera de volta às aulas, pior ainda se você morasse fora. Era uma sensação angustiante, um misto de incerteza com arrependimento por achar que não aproveitou como deveria ter aproveitado.

Pois bem, imagino ser a mesma sensação.

Final do Carnaval, regresso à sua cidade de origem à vista. Mais que isso, regresso à normalidade à vista. Hora de voltar a rotina de pessoa física, de despir-se da fantasia de folião que durante 5 belos (e curtos) dias fizeram de você, uma pessoa diferente daquela que levanta cedo todo dia para ir trabalhar.

Os dias no hotel ficaram para trás; os dias na praia, apenas na memória e na fotografia; até aquela morena de parar o trânsito que passou os 5 dias contigo e que trocaram juras de amor eterno ao pôr-do-sol na Praia de Itapuã, será apenas uma doce lembrança.

Cada um para um lado, descobrindo a efemeridade do Carnaval e da vida.

Sonho com o dia em que poderei ver se essa minha divagação tem um fundo verdadeiro.

Mas quando acontecer, tomarei a vacina do fatalismo, melhor não correr riscos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário