quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Trote [Há 10 anos].

Volta e meia eu defendo a realização dos trotes nos calouros das universidades.

Não o trote violento, mas aquela boa e velha humilhação a quem passa no exame vestibular.

Os motivos?

Eu explicava há 10 anos atrás.


Trote


De agora, até final de fevereiro, está a aberta a temporada de caça aos Bixos (com "x" mesmo, como pressupõe a tradição).

Por todo o país, nas esquinas das cidades, em cruzamentos de grandes avenidas, lá estarão eles, cabeças raspadas (homens) e pintados, sujos, com roupas em frangalhos, pedindo dinheiro e geralmente bêbados. Junto deles, um sem número de pessoas organizando este evento que não é só um rito de passagem, é um rito de passagem necessário.

Claro que falo do trote.

Sou totalmente favorável ao trote. Não àquele que deixa a pessoa em coma alcoólico ou com sequelas físicas, muitas vezes, causando morte.

Mas a humilhação, a ridicularização e a execração pública de uma figura que deixa de ser um aluno da Educação Básica para se tornar Estudante do Ensino Superior, é antes de qualquer coisa, um ritual importante, pois significa a morte simbólica de tudo aquilo que o estudante foi até então e que em nada importará ou significará na nova vida. O aluno entrará em um novo mundo, onde tudo o que aprendeu até então não terá serventia alguma, aliás, deverá é esquecer-se dessa vida passada.

Aquela figura de estudante de escola, com direito a sinal de intervalo, provinhas medíocres e dependência de professores pra tudo; tem de realmente "morrer", desde que é claro, renasça para uma nova vida, a vida Universitária.

E querem melhor maneira de "matar" aquilo que a pessoa foi a vida toda, que uma bela execração pública, expondo-o à humilhação?

E engana-se quem pensa que o trote limita-se aos amigos e conhecidos na sua cidade, o pior ainda está por vir, na sua faculdade; onde até o dia 13 de maio os Veteranos têm direito a dar trote nos Bixos.

Resta o consolo de saber que ano que vem é a sua vez de manter a tradição!

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