Ferindo a laicidade do Estado, o STF decidiu por sua maioria de votos que o ensino religioso nas escolas públicas pode ter caráter confessional.
Em outras palavras, as escolas poderão definir a religião a ser ensinada aos alunos.
Certamente por não haver nenhum professor ou especialista em Educação entre a turma do STF, desconsideraram questões curriculares, éticas e mesmo didáticas na sua decisão.
Questões como: quem define a religião a ser ensinada? o que se ensinará sobre a religião escolhida? quem ministrará tais aulas terá capacitação na referida religião? poderá haver dogmatismo religioso? se a matrícula é facultativa, como devem proceder os alunos de outras religiões?
O barulho que se houve ao fundo, são dos filósofos Iluministas que lá no século XVIII defendiam o ensino laico, ou seja, livre da intervenção religiosa.
Mas enfim, religião não deve ser ensinada na escola?
Evidente que deve.
Como bem disse o Professor Leandro Karnal em entrevista ao Jô Soares em 2015: "Religião é um elemento definidor da espécie humana (...) sem religião, metade do [museu do] Louvre não tem sentido (...) sem religião você não elabora a cultura do mundo, ela é fundamental".
Mas a questão é não haver proselitismo religioso nas escolas públicas.
Deveria limitar-se à História das Religiões, e a partir dela, difundir valores morais comuns e específicos de todas as religiões, bem como o respeito a todas elas.
E ao explicar a origem histórica, os valores e as especificidades de todas religiões, incluir também aqueles que não veem sentido na crença religiosa ou divina, e que adotam uma visão científico-racional nas explicações da vida e que merecem o mesmo respeito que aqueles que creem. Que não é a crença na fé ou a crença na ciência que define caráter ou que torna este ou aquele melhor que o outro.
Isso me parece muito mais próximo do currículo escolar e não usar sala de ala para proselitismo religioso que com a medida do STF, não duvido que comece a acontecer.
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