Tenho presenciado um fenômeno interessante nesta proximidade de Expuã 2017.
Ao invés de ser perguntado sobre os shows, sobre quais dias irei ou qual show acredito que seja o melhor ou de maior público, a pergunta mais corriqueira que me fazem é: Você vai em qual boate?
Tudo porque neste ano serão duas, as opções de entretenimento pós show: a tradicional boate dentro do recinto, e uma boate a ser realizada em recém inaugurada casa de shows na cidade.
Ambas com estrutura e programação de shows invejáveis a qualquer festa da região, diga-se de passagem.
Por razão de gosto (não curto muito boate) e economia (a crise me pegou), muito provavelmente não vá em nenhuma, infelizmente.
E se fosse não saberia em qual delas ir.
Pesando prós e contras, daria empate técnico na minha preferência.
Mas não é sobre isso que quero falar.
Quero falar sobre a minha percepção de que a existência de duas Boates pós show acabou por "encolher" o fato gerador: a Expuã.
Posso estar enganado, talvez seja apenas em meu restrito círculo de amizades (se bem que até alunos de outra cidade me fizeram a mesma pergunta) mas a impressão que tenho é que o público está mais ansioso com as Boates do que com os Shows e o Rodeio.
Como se a Expuã tivesse ficado em 2º plano para grande parte do público da festa.
E quais seriam as causas desta secundarização da Expuã/Feira/Rodeio?
Longe de querer dar uma resposta definitiva, mas vejo vários fatores que convergidos levariam a esta, se é que ela existe mesmo e não seja uma percepção errada minha, secundarização da Expuã/Feira da Bondade/Rodeio.
1. Ausência de camarote.
O público da boate é basicamente o mesmo que se reunia para comprar camarotes. A falta de um espaço para se socializar antes e depois dos shows será suprida pelas boates.
2. Shows mais modestos.
Acostumados a taxar a Expuã de Quermesse em outros tempos, aquela parcela do público que imaginava que a Expuã seria diferente sob nova Administração Municipal torce o nariz (ainda que não confessadamente) para artistas que não sejam considerados como "top" ou "do momento".
O dilema desta parcela do público (assumir a hipocrisia ou não prestigiar a Festa) faz com que alternativas como as Boates seja um alento à Festa mais modesta.
3. Opções para o público.
Prática comum antes de 2001, foi a partir daquele ano que a Prefeitura Municipal passou a não conceder alvará para a realização de evento noturno nos dias da Expuã.
Este ano, com a permissão, os promotores de eventos da cidade acabaram por inovar na conquista do público; justamente quem acabou ganhando com esta concorrência.
4. A pouca opção pós show.
O espaço comumente chamado de "Palco Alternativo" há tempos não consegue atrair o público no pós show.
Este espaço deveria ter melhor atenção por parte dos organizadores.
Se a qualidade dos artistas a se apresentarem nele tem sido boa, sobretudo com talentos da cidade, o mesmo não percebemos na localização do palco, na qualidade do som e na divulgação e incrementação deste espaço.
O excesso de merchans realizados em anos anteriores praticamente "matou" as apresentações.
De tudo isso conclui-se que sou contra as Boates?
Jamais!
Tudo o que contribuir para dar opções - de qualidade - de lazer e diversão aos ipuanenses e visitantes é sempre muito bem vindo.
Apenas ressalvo que a Comissão Organizadora não pode ficar alheia a esta secundarização da Festa nem tampouco deixar acabar o "Palco Alternativo", que aliás deve ser incrementado para que também possa concorrer com as Boates na conquista do público.
Seja para os talentos da cidade terem uma oportunidade a mais de se apresentarem, seja para o público que, assim como eu, com pouco dinheiro para gastar na Festa, ficará de fora das Boates.
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