quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Ninguém é a favor ao aborto.

Em princípio, ninguém é favorável ao aborto.

Salvo nos casos previstos em lei (anencefalia, estupro e risco de morte para a mãe), tirar a vida de um feto indefeso é algo que, quando feito, só ocorre em ato de desespero, quando todas as outras alternativas se esgotaram.

Evidente que usar a interrupção da gravidez como medida contraceptiva é uma barbaridade, mesmo que nas primeiras semana de vida.

Ainda que eu reconheça à mulher o direito de fazer do próprio corpo o que bem entender, incluindo aí a extensão dele, no caso o feto, e por entender que o homem também deve participar de tal decisão, jamais admitiria que alguma mulher interrompesse uma gravidez da qual eu participei.

Sempre comento em salas de aula que, seja esposa, namorada, ficante ou mesmo em uma relação sexual paga numa casa de meretrício; filho meu virá nesse mundo sim senhor, não importa em qual situação. Não aceito a menor hipótese de discutir o contrário.

O que não me impede de ver com bons olhos a descriminalização do aborto.

E que fique bem claro a diferença entre ser favorável ao aborto (o que eu não sou) e ser favorável à sua descriminalização (o que eu sou).

Não admito que a mulher que, seja por qual motivo for (não vou entrar no mérito), recorrer à prática do aborto, seja tratada como criminosa, podendo inclusive ser presa.

Razão pela qual existem no país hoje algo em torno de 600.000 abortos realizados em clínicas clandestinas (para as mulheres mais ricas) ou em "abortadeiras" para as mulheres mais pobres.

A diferença no caso é que o risco para as mulheres pobres é muito maior, não por outro motivo as estatísticas apontam maior número de mortes para abortos realizados em lugares não especializados.

A questão portanto é econômica e não mais legal nem religiosa.

O aborto há algum tempo já é legalizado. Ponto.

Pelo menos para as mulheres de classes mais abastadas, que podem procurar atendimento médico (sim, médico formado) e com uma grande margem de segurança para sua saúde, interromper a gravidez. Ao contrário daquela que tem que recorrer à "tecedeiras de anjos" que, usando drogas das mais diversas e uma agulha de tricô, conseguem retirar o feto em condições precárias de saúde e higiene do local onde trabalham.

Os números finais entre ricas e pobres: 600.000. Uma Ribeirão Preto de crianças cujas vidas foram interrompidas antes de seu nascimento.

A não descriminalização do aborto não vai fazer esse número absurdo diminuir, como acredito que a sua descriminalização não fará aumentar.

Apenas dará maior segurança e chances de vida às mulheres que, não podendo pagar especialistas, recorrem à roleta russa de realizar aborto sem as mínimas condições necessárias.

No mais, é uma questão do livre arbítrio da mulher, que deve ser objeto do seu próprio julgamento moral, seja ele balizado por valores familiares, ideológicos ou religiosos.

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