terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Desfaçatez humana é mesmo sem limites.

O texto abaixo transcrito é do Blog do Josias e você pode conferir na íntegra clicando aqui.

O itálico e o negritado são do Blogueiro, bem como o comentário após a transcrição.


Michel Temer avaliou com auxiliares e aliados as consequências jurídicas da delação do ex-diretor da Odebrecht Claudio Melo Filho. O presidente concluiu que o procurador-geral da Repúiblica Rodrigo Janot não tem como processá-lo. Temer considera-se protegido pelo parágrafo 4º do artigo 86 da Constituição. Nesse trecho, o texto constitucional prevê que um presidente da República, no curso do mandato, não pode ser processado por atos não relacionados ao exercício das suas funções.

O delator da Odebrecht contou que, em maio de 2014, num jantar ocorrido no Palácio do Jaburu, o então vice-presidente Michel Temer pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht, então presidente da construtora. Na versão do delator, os recursos saíram do departamento de propinas da Odebrecht. E a fatura foi paga em dinheiro vivo —R$ 6 milhões desceram à caixa registradora da campanha de Paulo Skaff ao governo de São Paulo. E R$ 4 milhões foram às mãos do hoje ministro Eliseu Padilha (Casa Civil).

Temer admite o jantar e o pedido. Mas diz que o dinheiro chegou ao PMDB por ordem bancária e foi declarado à Justiça Eleitoral. Seja como for, o presidente sustenta que a Constituição lhe serve de escudo contra investidas de Janot, já que o episódio ocorreu antes do início do atual mandato e não tem relação com o exercício de suas atribuições como presidente da República.



É como se o Presidente dissesse: "Não foi assim, e mesmo que tenha sido, não podem me punir por um dispositivo legal existente na Constituição, que protege maracutaias como esta que eu possa ter feito".

Confesso que mesmo para Michel Temer e o PMDB, ainda me surpreendo com tamanha cara de pau.

Em ocasião muito distinta da atual, o diplomata inglês lorde Brougham, em carta à Londres assim descreveu a situação político social do Brasil naquele meados de século XIX: "a história da desfaçatez humana não apresenta passagem que possa rivalizar".

Ele referia-se à forma como o Brasil descumpria, sem o menor pudor, as leis que proibiam o tráfico negreiro, comercializando escravos à luz do dia sem se preocupar com maiores consequências.

Vivo fosse, lorde Brougham talvez tivesse, finalmente, encontrado desfarçatez rival, e vencedora com ampla margem de diferença, àquela que ele presenciou há mais de 150 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário