Não existia nada mais angustiante para mim, no início de carreira, que entrevista de emprego.
Dos muitos currículos que já esparramei na região, alguns surtiram efeito e eu fui chamado para a tal entrevista.
Era terrível.
Já
teve escola que, sabe-se lá por quais motivos, não me contrataram; e
outras que, após a entrevista, eu achei que não daria certo trabalhar
lá.
E, claro, tiveram aquelas que me contrataram.
No começo eu me preocupava demais com o que vestir, o que falar, como agir, etc...
Hoje, simplesmente vou à entrevista. Com esse jeitão meu que todos conhecem.
Sigo
a mesma filosofia que nas conquistas amorosas: sou exatamente isso o
que você está vendo, não faço tipo, não faço média, não sei ser outra
pessoa e não espere grandes mudanças.
Em ambos os casos, já deu certo e errado.
Mas a pior parte da entrevista é quando te perguntam sobre a pretensão salarial.
Tem escola que já informa quanto é o salário, outras questionam a sua pretensão salarial, e é aí que o bicho pega.
Meu temor, era falar um valor alto demais e a escola dispensar meus serviços, sem ao menos uma negociação.
Ou falar um valor baixo demais e a escola aceitar.
Ou pior: falar um valor e depois descobrir que se eu tivesse pedido mais, a escola pagaria.
Em uma dessas, pedi um valor e a escola topou sem pensar muito.
Não era um valor baixo, era pouca coisa acima da média que se pagava para a maioria dos professores na mesma situação.
Na
volta pra casa após a entrevista, sozinho, dirigindo meu carro, comecei
a pensar num diálogo do filme "Uma linda mulher" (sem comparações entre
a minha profissão e a profissão da protagonista por favor).
Richard
Gere (executivo) negociando o preço que Julia Roberts (prostituta)
cobraria para passar o final de semana com ele, tiveram o seguinte
diálogo:
- Eu quero US$ 3.000.
- Tudo bem!
Após ela festejar o lucro, lhe diz, enquanto ele vai até a carteira pegar o dinheiro:
- Eu teria feito por dois.
E ele responde:
- E eu teria pago quatro.
Vim a sensação que deveria ter pedido mais.
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