terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Regina Duarte na Cultura enfrentará muitas contradições.

Regina Duarte aceitou ser Secretária da Cultura no Brasil.

Dos males, o menor.

Pelo menos é atriz, com carreira consolidada (apesar de eu, particularmente, achá-la canastrona, mas isso não tem a menor importância na sua atuação como Secretária da Cultura no país) e, apesar de se dizer de Direita (o que não é defeito para ninguém, assim como ser de esquerda também não o é), pelo menos não é Neo-Nazista.

Torço para a atriz fazer uma boa gestão e sinceramente, acredito que ela possa fazer.

Mas a escolha da eterna Viúva Porcina para tão importante pasta, vem carregada de contradições, chocando-se com inúmeros "dogmas" que o Presidente e seus militantes tanto defendem.

Primeiro, trata-se de uma atriz com 50 anos de Rede Globo, emissora que Bolsonaro e seguidores demonizam, dizendo não falar a verdade, de mentir sobre o Governo, de fazer propaganda negativa etc...

Bolsonaro chegou a insinuar (e só um idiota para achar que ele cumprirá) que poderá não renovar a concessão pública para a emissora este ano, e assim fechá-la. Como a atriz se comportará quando, ao seu lado, o Presidente voltar a falar tais idiotices?

Segundo, trata-se de uma atriz que foi vítima de censura durante a Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985) e lutou contra o Regime que Bolsonaro e seguidores defendem, elogiam e afirmam que não foi Ditadura, que não censurou ninguém, que só perseguiu inimigos do Brasil, e outra idiotices que ainda há quem acredite.

Como ficará Regina Duarte diante da negação dessa página triste de nossa história? Irá ela negar sua história de vida e seguir a narrativa criada pelos Bolsonaristas?

Terceiro, trata-se de uma atriz marcada também por uma personagem de fortes traços feministas, na série Malu Mulher. Como ficará Regina Duarte face ao enfrentamento que o atual Governo faz das pautas feministas e da política conservadora de costumes que a personagem Malu tanto simboliza?

Quarto, Regina Duarte já se manisfetou favorável e tentou captar recursos via Lei Rouanet, uma lei que Bolsonaro e seguidores demonizam, dizendo que só beneficia atores consagrados e militantes de esquerda.

A atriz, agora Secretária ficará em maus lençóis se aderir às críticas à Lei que ela própria elogiou e já tentou beneficiar-se. Além do mais, ela conhece a fundo os trâmites dessa Lei e sabe que esse discurso de financiamento para militantes é falácia do atual Governo. Terá ela coragem de negar? 

E em quinto lugar, Regina Duarte como milhões de Brasileiros, admira o trabalho de gente como Fernanda Montenegro, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e tantos outros que, Bolsonaro e seguidores demonizam, invadindo as redes sociais com ódio e um bando de imbecilidades proferidas contra esses e outros artistas.

Como se comportará Regina Duarte frente aos ataques violentos que esses artistas sofrem por parte do Governo e dos fiéis seguidores?

Em face à tantas contradições, arrisco fazer o triste prognóstico de que para conseguir fazer algo de bom para a cultura do país, mais que atuar, Regina deverá ser uma diplomata no cargo, sempre tentando relativizar tais contradições.

Outra opção, menos interessante, seria a atriz capitular frente aos ideais do Governo que a convidou e jogar no lixo sua história de mais de 50 anos na TV brasileira.

Sob pena de, ao não fazê-lo, ser fritada pelos filhos do Presidente.

Resta torcer para que pelo menos essa escolha dê certo.

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