sábado, 20 de maio de 2017

Mais uma renúncia na História do Brasil?

Dom Pedro I abdicou voluntariamente ao trono em favor do “amado e prezado filho” e em um bilhete assim escreveu:

“Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que, hei mui voluntariamente, abdicado na pessoa do meu muito amado e prezado filho, o sr. D. Pedro de Alcântara. Boa Vista, sete de abril de mil oitocentos e trinta e um, décimo da Independência e do Império. Pedro.”

Quase 60 anos depois, o amado filho, Dom Pedro II, “cedendo ao impérios das circunstâncias” anunciava que deixava o país na qual dera “constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século”, escrevendo:

"À vista da representação escrita que me foi entregue hoje às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com toda a minha família para a Europa, amanhã, deixando esta pátria de nos estremecida a qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século, em que desempenhei o cargo de chefe do Estado.
Ausentando-me pois, eu, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889.
Pedro de Alcântara".

Já na República, o golpista Marechal Deodoro da Fonseca, 1º Presidente do país, renunciou em meio a Revolta da Armada para assim evitar uma guerra civil.

Nada justificou por escrito.

Décadas mais tarde, foi a vez de Getúlio Vargas deixar a Presidência (e à vida), renunciando ao cargo por entender que nada tinha a dar além do "próprio sangue”.
(...)
“Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história. (24/8/1954).

10 anos depois, Jânio Quadros renuncia alegando que ocultas “forças terríveis” atentavam contra ele:
(...)
Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.
(...)
Brasília, 25 de agosto de 1961.

Em 29/12/1992, foi a vez de Fernando Collor de Melo, em bilhete endereçado ao Presidente do Congresso Nacional, lido pelo advogado do ex Presidente, sucintamente dizer que renunciava ao cargo de “Presidente da República, da qual fui eleito no pleito de 15 de novembro e 17 de dezembro de 1989".

Uma mensagem simples, com objetivo de  tentar escapar do impeachment que o Congresso começara e que acabaria acontecendo à sua revelia.

A carta de Temer já deve estar escrita.

Só falta a assinatura.

Que preciosidade de documento historiográfico o futuro nos revelará?

Nenhum comentário:

Postar um comentário