sábado, 12 de março de 2016

Com o lápiz na mão.

Nunca fui aluno atentado.

Talvez mal incompreendido.

Analisando as carraspanas que tomei de Diretores de escola, concluo que nem sempre estive errado.

A primeira visita a uma Diretoria ocorreu no ano de mil novecentos e não é da conta de ninguém, por motivo tolo.

Estavam reformando uma quadra na escola e a ordem era que nenhum aluno adentrasse a obra.

Cérebro de criança é complexo, o ouvido escuta "não pode entrar aí", mas o cérebro traduz como "vai, entra agora".

Eu e outros 3 colegas, incluído o filho do Diretor fomos convidados a conhecer as dependências de uma diretoria escolar.

A segunda, outra bobeira.

Uma paródia do Hino à Bandeira feita em voz baixa mas naquele instante trágico em que você vai falar e todo mundo se cala e então sua voz ecoa absoluta como a única a reverberar no recinto.

E o "Salve o lindo pendão da esperança" virou "Salve o lindo bundão da esperança".

Nada que corasse o rosto do Olavo Bilac, ou ofendesse sua memória, mas aos olhos (e ouvidos) da Direção, terminados os risos dos colegas, a paródia mereceu uma reprimenda.

A terceira vez que me lembro, foi na já citada história da máscara de carnaval, onde desenhei (com ajuda de colegas, pois eu era péssimo) um Jacaré de boca aberta, piscando um olho, para ficar com uma cara bem marota e uma placa no pescoço com os dizeres: "Em rio que tem piranha, jacaré usa camisinha".

Até hoje não sei se foi o duplo sentido da palavra "piranha", ou o uso da palavra "camisinha", mas fato é que além do novo pito, a informação de que minha máscara havia sido censurada.

Foi a primeira vez que ouvi a palavra censura, onde em casa meu pai trataria de me explicar o que significava.

E a 4ª vez do meu histórico de contravenções escolares, só foi acontecer no ensino médio (as demais citadas foram da 1ª à 5ª série), quando estudando em São Joaquim da Barra tinha o hábito de matar aulas, mas por uma boa razão.

Tinha pouco dinheiro e para economizar, pegava carona pra voltar pra casa.

Matar a última aula significava em melhores oportunidades e maior tempo para pegar carona.

Matávamos a aula em grupo, e certa feita fomos pegos em flagrante delito.

Não sei se por achar que se tratava formação de quadrilha, ou nossas explicações, quando indagados sobre o motivo do ato, respondendo que eram aulas de Educação Artística, a Diretora qualificou nosso crime com maior rigor, nos ameaçando de transferência compulsória o que só foi demovida da ideia após pedidos de clemência e promessa de nunca mais reincidir no delito.

Considero que estive certo em todas as vezes que fui repreendido. 

Na 1ª, entendo que sendo local público, a quadra em reforma deveria ser um espaço ocupado por nós.

Na 2ª, um pouco de humor para descontrair e marcar o Dia da Bandeira.

Na 3ª, eu estava sendo um precursor das campanhas contra DST/AIDS e Gravidez Adolescente.

E na 4ª, bem, na 4ª além de fazer por questões financeiras, eram aulas de Educação Artística.

2 comentários:

  1. Não sei se vc se lembra mas o 3º aluno que estava com vc foi eu. Me lembro do filho do diretor que ficou na sala e apanhou do pai (diretor).
    Isso ficou em minha cabeça e me lembro sempre isso.
    Como a quadra era nova não poderíamos entrar e como disse cabeça de criança é complexo entramos dai já viu como foi.

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    1. Temos uma testemunha ocular presente e material!
      Claro que lembro Paulinho, nem tinha como esquecer!

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