quarta-feira, 20 de maio de 2020

Regina Duarte volta a viver a viúva Porcina.

Existem atores e atrizes que tiveram o papel das suas vidas.

Regina Duarte nunca considerei uma grande atriz, porém sua história na TV é inegável. Ninguém recebe o título de "Namoradinha do Brasil" a toa.

Para mim, e não sou crítico de arte, não tenho conhecimento para isso nem pretendo ser, mas como telespectador e ex noveleiro, vejo 3 grandes papéis em sua vida, o resto foi perfumaria: a Malu, da série "Malu Mulher; a Raquel, da novela "Vale Tudo" e a Viúva Porcina, da novela Roque Santeiro.

Essa última, o papel que mais é lembrada.

Se você não conhece a história, a Porcina era uma fraude, uma invenção de seu amante, o Cel Sinhozinho Malta (Lima Duarte), que para trazer a amante para sua cidade sem que a comunidade local levantasse falatório, pois ele era viúvo recente, inventou que a Porcina havia se casado com o Roque Santeiro (José Wilker) antes deste morrer pelas mãos do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro) e veio a cidade sem saber que o marido havia morrido e por lá resolveu ficar.

Só que o Roque, depois de morto virou santo e começou a ser responsável por milagres atribuídos a ele e a cidade cresceu muito em torno do mito, virou centro de Romaria e a Porcina (que secretamente era amante de Sinhozinho, pois não podia perder a pose de viúva do Santo) colheu os frutos da fama repentina, além de dinheiro do amante e virou uma poderosa fazendeira local.

Sem nunca ter sequer conhecido o falecido, agora santificado, Roque Santeiro, a Viúva Porcina entra para a história como aquela que "foi, sem nunca ter sido".

Curiosamente, Regina Duarte volta a exercer o papel de "ser, sem nunca ter sido". Ela já entrou demitida na Secretaria da Cultura, cujo único papel de sua contratação foi a de dar status (atriz global, famosa, empoderada,...) a uma Secretaria que sob o atual (des)Governo está sendo desmontada.

Mal entrou e começou a trocar pessoas da ala ideológica do (des)Governo, lideradas pelo imbecil Olavo de Carvalho e resolveu gerir a cultura com mais independência e tecnicidade, palavras que não ornam com o atual (des)Governo.

E agora, demitida da Secretaria que ela julgou que "secretariaria".

Não lamento sua demissão, também não critico sua atuação, ela sequer teve tempo de mostrar se seria uma boa Secertária ou não. Tinha tudo nas mãos: conhecimento sobre arte, trânsito no meio artístico, entrou substituindo um ministro demitido por apologia a discurso nazista.

Agora é mais uma a ser chamada de traidora, infiltrada, comunista, e outros et céteras que bovinamente repetem aqueles cujas opiniões não são próprias, mas inseridas em suas mentes doutrinadas e seguidoras fiéis de uma seita que, felizmente, começa a definhar.

Regina Duarte sai menor que entrou. Se é que um dia entrou.

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