sábado, 8 de fevereiro de 2020

Rondônia lança sua lista de livros proibidos!

Em Rondônia, a Secretaria de Estado da Educação mandou recolher das bibliotecas escolares, em lista enviada às escolas, uma série de livros considerados (sabe-se lá por quem), como inadequados às crianças e adolescentes.

A ideia foi abandonada depois que a notícia vazou na imprensa.

Maldita imprensa esquerdista, devem ter dito os autores da ideia até agora saem paternidade.

Na lista enviada às escolas, obras como "Macunaíma", masco do Modernismo Brasileiro e maior obra Antropofágica da literatura mundial (se é que o Governo de RO sabe o que é isso); "Memórias Póstumas de Brás Cubas", única obra Brasileira entre as 100 obras que moldaram o Mundo, escolhidas pela BBC (aqui), de Machado de Assis, reconhecidamente o maior escritor Brasileiro e um dos maiores da Literatura Ocidental; "Os Sertões", de Euclides da Cunha, o maior tratado sociológico do país; dentre outras.

A lista ainda é agraciada com a presença de pessoas ilustres como Carlos Heitor Cony, Caio Fernando Abreu, Franz Kafka (atenção  Ministro Abraham Weintraub, quem entrou na lista foi KafKa e não KafTa, como você ignorantemente confundiu), dentre outros.

Alega-se que algumas continham palavrões, e como a lista conta com obras de Nelson Rodrigues não é de ser assustar que talvez seja uma delas; porém nada justifica nem mesmo a sua exclusão tampouco a inclusão das demais obras que o Governo do Estado, liderado pelo Governador (que ainda não abriu a boca sobre o assunto) Cel Marcos Rocha (PSL, tinha que ser).

Mas seja lá de quem foi a ideia imbecil de se fazer isso, talvez tivesse como próximo passo a queima desses livros em praça pública, como aconteceu na Idade Média, na Alemanha Nazista e na URSS de Stálin.

Tristes tempos em que vivemos onde o fundamentalismo religioso ignorante e medíocre baliza ações de Estado que deve ser laico.

Tenho medo que as distopias mostradas nas obras (ainda não censuradas, pelo menos até a escrita desse texto) "1984" de George Orwell, que mostra um mundo vigiado pelo "Grande Irmão" e com as notícias controladas pelo "Ministério da Verdade"; e "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury, que mostra um mundo onde os livros são queimados pelo Governo central (a temperatura necessária para queimar um livro seria de 451 graus Fahrenheit, algo como 233ºC)

A razão verdadeira dessa sanha conservadora que invade o país, talvez encontre explicação nas palavras de Castro Alves, que hoje seria taxado de esquerdista, por ser abolicionista e republicano), e que escapou da censura do Governo Rondoniense.

Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!
(ALVES, C., Espumas Flutuantes, 1870).

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