sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Nos palanques da vida. [Há 10 anos]

Eu relatava minha experiência no marketing político, há 10 anos.

Confira. 


Nos palanques da vida. 

A polêmica sempre me acompanhou.

Parte por culpa minha, que pouco fiz para evitá-la.

Talvez por isso, muitas das minhas ideias sempre foram vistas com desconfiança e sempre tive de lutar muito para que elas fossem plenamente aceitas no grupo; que, na maioria das vezes, relutava em acatá-las.

Por isso que, quando na campanha de 2004 eu sugeri que padronizássemos uma cor única, todos assustaram.

O que eu sugeri naquela campanha, foi que usássemos uma cor padrão nas bandeiras, camisetas, adesivos, jornal etc... e que fossem, evidentemente, nas cores do partido: Vermelho e Amarelo.

Como o vermelho certamente seria usado pelo PT, nos restou a cor amarela.

Espanto geral!

Ninguém gostou do amarelo, achavam uma cor feia, pouco comercial etc... Argumentei que poderíamos usar um tom mais claro, o tal "amarelo bebê", mas que o importante era estarmos associados à cor.

Resolveram arriscar.

Não é que para a surpresa de todos, o amarelo pegou.

Aliás, com o passar daquela campanha, e o mesmo fenômeno foi presenciado na campanha seguinte (2008), quanto mais arregalado o amarelo, mais o eleitor ostentava sua posição partidária favorável à nossa candidatura.

Chegando ao cúmulo de muitos eleitores medirem sua fidelidade partidária pelo tom do amarelo: quanto mais amarelo, mais fiel seria o eleitor (seguindo essa lógica, mais da emoção que da razão).

Além do mais, pelas leis da física óptica, o amarelo é uma das cores que primeiro chegam ao cérebro quando incididas a um espectador. E pesquisas mostravam que, seriam necessárias, por exemplo, 3 camisetas brancas para anular o impacto visual de uma camiseta amarela num aglomerado de gente.

Informações bastante úteis, uma vez que nossa campanha era modesta, e certamente teríamos menos camisetas que nosso adversário, que tinha a caneta na mão, e usava a cor branca como padrão.

Outra ideia minha que não aceitaram de imediato, e o tempo tratou de me dar razão, foi a adoção de um símbolo.

Eu queria, em 2004, que usássemos o coração como símbolo.

Não foi aceito.

Alegavam que era o símbolo do Maluf, que o partido dele usaria tal símbolo aqui na cidade etc e tal.

Eis que - para quem acredita - uma coincidência começaria a apontar que minha ideia ainda seria vista com bons olhos.

Nosso candidato a vice, viajou a uma cidade de Goiás e lá encontrou um candidato que usava o coração como símbolo. Ficou mais pasmado, o futuro vice Prefeito, ao ver que o adesivo do candidato era apenas um coração e nele o número 23; o mesmo do nosso candidato aqui em Ipuã.

Tratou logo de trazer umas poucas dezenas, o suficiente para que aqui em Ipuã, os eleitores procurarem por eles em proporções muito maiores que a disponibilidade.

Mas era reta final de campanha e adotar um símbolo naquelas alturas, era perigoso.

Não me importei, afinal, não só mostrei que eu estava certo, como na eleição seguinte fui redimido: o coração foi usado em toda a campanha, num símbolo bonito e de forte apelo emocional, que simplesmente caiu nas graças do eleitorado que, já associava o coração ao partido, número e, principalmente, ao candidato a Prefeito.

Participei pouco na campanha de 2008, e numa das minhas raras intervenções, sugeri que uma maneira de burlar a lei eleitoral que proibia o uso e distribuição de camisetas com nome e número de candidatos, seria sugerir que os eleitores pintassem um S2 nas suas camisetas amarelas, que naquela altura, a maioria dos nossos eleitores já tinham comprado como manifestação de apoio à campanha.

Dessa maneira, não iríamos estar distribuindo camiseta, pois o eleitor é quem as tinha, por conta própria e individualmente, comprado; e não estaríamos divulgando nome nem número, e nosso símbolo estaria disfarçado numa mensagem implícita, que todo internauta (e a maioria é internauta) entenderia. Ou você não sabe o que significa S2 ???

Mas pra variar, minha ideia não foi aceita, principalmente pelo temor de punição da justiça eleitoral.

Mas não me importei novamente, sei que sempre haverá uma eleição seguinte para me redimir.

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