sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Nos palanques da vida. [Há 10 anos]

Há 10 anos estreava no Blog a série "Nos palanques da vida", que duraria 7 temporadas.

No 1º episódio, eu falava sobre minha primeira experiência em comícios.

E não é que 10 anos depois estou prestes a viver emoção semelhante à descrita no texto abaixo.


Nos palanques da vida. 

Caríssimos Blogonautas, pra estrear essa série (que não obedecerá à ordens cronológicas, mas aos vaivéns da memória deste Blogueiro), nada melhor que falar da primeira experiência com discursos.

Quando fui candidato pela primeira vez, em 2000, embora tivesse alguma experiência em sala de aula (eu havia começado a dar aula naquele ano), ficaria a dúvida de como seria falar para 1 ou 2 mil pessoas, que era o público estimado para os comícios na época.

Sorte que naquele ano havia umas tais de "reuniões", que nada mais eram que comícios disfarçados na porta da casa de alguém, onde o caminhão de som parava mas a gente não subia nele. E o pessoal da vizinhança e adjacências, iam na reunião a "convite do morador".

Essas reuniões começaram a ser feitas para pequenos públicos e iam aumentando com o passar do tempo, assim os candidatos menos experientes iam se acostumando aos poucos com o ofício de falar em público, até o dia do comício propriamente dito, onde de fato seria posto à prova.

Para os mais tarimbados, coisa fácil; para os novatos, um temor.

Perdi a 1ª dessas reuniões (tinha prova na faculdade naquele dia), só então na 2ª reunião eu participei; e fiz pela primeira - e última vez - o erro de ir sem nada preparar. Imaginando que na hora a inspiração viria, sabe-se lá de onde, e as palavras sairiam da minha boca e conquistariam o eleitorado.

Ledo engano.

Fiasco total...

Lembro de ficar dando voltas e nada dizer, e o público, obviamente, percebeu.

Acusei o golpe.

Passei os dias que se seguiram antes da 3ª reunião numa agonia sem fim: novo fiasco e adeus eleição.

Me preparei melhor; não decorei, pois esquecer alguma coisa (e quando se decora a ansiedade se encarrega de fazê-lo esquecer) faz com que você perca todo o discurso, e lá fui eu, falar para umas 200 pessoas espremidas numa rua.

É verdade que não fui nenhum Ruy Barbosa, mas o progresso era nítido. Havia pego o jeito da coisa e melhor, aprendido com o erro (felizmente).

Minha técnica era ter em mente um esboço do discurso, como se fossem tópicos a serem desenvolvidos e não frases completas decoradas (fáceis de esquecer). Além disso, sempre tinha um "coringa", alguma fala (esta sim, decorada) que poderia ser usada em qualquer contexto (geralmente elogios, críticas algo assim) que seria usado em caso de "dar branco".

Branco aliás que sempre ocorre e minha técnica para enfrentá-lo era elevar o tom da voz, aquela coisa gritada de comício e quando se faz, o público invariavelmente aplaude, e os 5 segundos de aplauso só o bastante para respirar e reordenar as ideias.

E por fim, o medo de falar em público era espantado com uma caminhada entre as pessoas, minutos antes do discurso. Assim ia me familiarizando com os rostos, que dentro de minutos estariam olhando exclusivamente para mim.

Os discursos geralmente seguiam uma receita básica: os "boa noites", elogios ao candidato a Prefeito, "ripa" na oposição (o que sempre fiz com responsabilidade) e por fim suas ideias sobre como vai agir caso receba o favor popular do voto.

A partir daí comecei a treinar a arte do discurso, em cada reunião, melhorando até o 1° comício, que aconteceu na Praça Matriz!

Mas isso é outra história...

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