No 1º episódio, eu falava sobre minha primeira experiência em comícios.
E não é que 10 anos depois estou prestes a viver emoção semelhante à descrita no texto abaixo.
Nos palanques da vida.
Caríssimos
Blogonautas, pra estrear essa série (que não obedecerá à ordens
cronológicas, mas aos vaivéns da memória deste Blogueiro), nada melhor
que falar da primeira experiência com discursos.
Quando
fui candidato pela primeira vez, em 2000, embora tivesse alguma
experiência em sala de aula (eu havia começado a dar aula naquele ano),
ficaria a dúvida de como seria falar para 1 ou 2 mil pessoas, que era o
público estimado para os comícios na época.
Sorte
que naquele ano havia umas tais de "reuniões", que nada mais eram que
comícios disfarçados na porta da casa de alguém, onde o caminhão de som
parava mas a gente não subia nele. E o pessoal da vizinhança e
adjacências, iam na reunião a "convite do morador".
Essas
reuniões começaram a ser feitas para pequenos públicos e iam
aumentando com o passar do tempo, assim os candidatos menos experientes
iam se acostumando aos poucos com o ofício de falar em público, até o
dia do comício propriamente dito, onde de fato seria posto à prova.
Para os mais tarimbados, coisa fácil; para os novatos, um temor.
Perdi
a 1ª dessas reuniões (tinha prova na faculdade naquele dia), só então
na 2ª reunião eu participei; e fiz pela primeira - e última vez - o erro
de ir sem nada preparar. Imaginando que na hora a inspiração viria,
sabe-se lá de onde, e as palavras sairiam da minha boca e conquistariam o
eleitorado.
Ledo engano.
Fiasco total...
Lembro de ficar dando voltas e nada dizer, e o público, obviamente, percebeu.
Acusei o golpe.
Passei os dias que se seguiram antes da 3ª reunião numa agonia sem fim: novo fiasco e adeus eleição.
Me
preparei melhor; não decorei, pois esquecer alguma coisa (e quando se
decora a ansiedade se encarrega de fazê-lo esquecer) faz com que você
perca todo o discurso, e lá fui eu, falar para umas 200 pessoas
espremidas numa rua.
É
verdade que não fui nenhum Ruy Barbosa, mas o progresso era nítido.
Havia pego o jeito da coisa e melhor, aprendido com o erro (felizmente).
Minha
técnica era ter em mente um esboço do discurso, como se fossem tópicos a
serem desenvolvidos e não frases completas decoradas (fáceis de
esquecer). Além disso, sempre tinha um "coringa", alguma fala (esta sim,
decorada) que poderia ser usada em qualquer contexto (geralmente
elogios, críticas algo assim) que seria usado em caso de "dar branco".
Branco
aliás que sempre ocorre e minha técnica para enfrentá-lo era elevar o
tom da voz, aquela coisa gritada de comício e quando se faz, o público
invariavelmente aplaude, e os 5 segundos de aplauso só o bastante para
respirar e reordenar as ideias.
E
por fim, o medo de falar em público era espantado com uma caminhada
entre as pessoas, minutos antes do discurso. Assim ia me familiarizando
com os rostos, que dentro de minutos estariam olhando exclusivamente
para mim.
Os
discursos geralmente seguiam uma receita básica: os "boa noites",
elogios ao candidato a Prefeito, "ripa" na oposição (o que sempre fiz com
responsabilidade) e por fim suas ideias sobre como vai agir caso receba
o favor popular do voto.
A partir daí comecei a treinar a arte do discurso, em cada reunião, melhorando até o 1° comício, que aconteceu na Praça Matriz!
Mas isso é outra história...
Nenhum comentário:
Postar um comentário