Um homem foi morto com 80 tiros disparados contra seu carro
Outro homem foi morto porque estava com uma furadeira na mão.
Um garçom foi morto porque "portava" um guarda-chuva.
Um vídeo circula nas redes sociais sobre a abordagem de dois rapazes de moto que levavam um pedestal de microfone, muito parecido com um fuzil ou coisa que o valha.
Curioso que em todos esses casos, não demora aparecer fotos, cuja veracidade nunca é comprovada, das vítimas portando armas, ou em companhia de traficantes, ou mesmo "informações" de que a pessoa que morreu havia tinha extensa ficha criminal.
Essas "informações" tidas como verdades, são rapidamente divulgadas pelo exército gratuito que se dispõe a defender os tempos sombrios que vivemos hoje, e também pelo exército pago (robôs) que cada vez mais são usados pelas redes anti-sociais.
E pronto, está justificada a ação da polícia.
Ou quando não há notícia de que se tratava de criminoso, a tendência é culpar a vítima por portar objeto semelhante a uma arma de fogo, portanto justificável a ação.
Interessante que a confusão sempre acontece nas áreas pobres, e nunca em bairros ricos ou com pessoas dentro de carros de luxo. Talvez porque essas pessoas não carregues furadeiras, o que reforça o preconceito social a que as vítimas passam nessas ações de "força excessiva".
Agora a vítima foi uma criança de 8 anos, que no mesmo dia em que foi sepultada, o Governador do RJ levou a sua caçula de 11 anos para tentar uma vaga em uma escola militar.
O mesmo Governador que foi eleito com a proposta de executar bandidos e que a cada ação nesse sentido corre às redes sociais para enaltecer seu feito, se mantém calado diante da morte da criança que chocou o país.
Vamos esperar que surjam fotos dos pais da menina Ágatha com traficantes, ou que os mesmos defensores do indefensável veiculem "informações" de que a família da garota era criminosa e a usava como "escudo" para fugir de ações policiais e outras imbecilidades do tipo.
Enquanto isso cada vez mais Caetano Veloso tinha razão quando cantou, lá nos anos 80, na música Podres Poderes: "morrer e matar de fome, de raiva e de sede, são tantas vezes gestos naturais".
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