segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Caetano estava certo: morrer e matar são gestos naturais.

Um homem foi morto com 80 tiros disparados contra seu carro

Outro homem foi morto porque estava com uma furadeira na mão.

Um garçom foi morto porque "portava" um guarda-chuva.

Um vídeo circula nas redes sociais sobre a abordagem de dois rapazes de moto que levavam um pedestal de microfone, muito parecido com um fuzil ou coisa que o valha.

Curioso que em todos esses casos, não demora aparecer fotos, cuja veracidade nunca é comprovada, das vítimas portando armas, ou em companhia de traficantes, ou mesmo "informações" de que a pessoa que morreu havia tinha extensa ficha criminal.

Essas "informações" tidas como verdades, são rapidamente divulgadas pelo exército gratuito que se dispõe a defender os tempos sombrios que vivemos hoje, e também pelo exército pago (robôs) que cada vez mais são usados pelas redes anti-sociais.

E pronto, está justificada a ação da polícia.

Ou quando não há notícia de que se tratava de criminoso, a tendência é culpar a vítima por portar objeto semelhante a uma arma de fogo, portanto justificável a ação.

Interessante que a confusão sempre acontece nas áreas pobres, e nunca em bairros ricos ou com pessoas dentro de carros de luxo. Talvez porque essas pessoas não carregues furadeiras, o que reforça o preconceito social a que as vítimas passam nessas ações de "força excessiva".

Agora a vítima foi uma criança de 8 anos, que no mesmo dia em que foi sepultada, o Governador do RJ levou a sua caçula de 11 anos para tentar uma vaga em uma escola militar. 

O mesmo Governador que foi eleito com a proposta de executar bandidos e que a cada ação nesse sentido corre às redes sociais para enaltecer seu feito, se mantém calado diante da morte da criança que chocou o país.

Vamos esperar que surjam fotos dos pais da menina Ágatha com traficantes, ou que os mesmos  defensores do indefensável veiculem "informações" de que a família da garota era criminosa e a usava como "escudo" para fugir de ações policiais e outras imbecilidades do tipo.

Enquanto isso cada vez mais Caetano Veloso tinha razão quando cantou, lá nos anos 80, na música Podres Poderes: "morrer e matar de fome, de raiva e de sede, são tantas vezes gestos naturais".

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