sábado, 19 de agosto de 2017

Agosto em "A Voz Ipuanense".



Ipuã precisa de mais Creches?
Por Orandes Rocha*.

A recente polêmica sobre uma futura desapropriação da área onde durante anos funcionou o Lar São Vicente de Paulo, para a hipótese de ser transformado em Creche trouxe, além, da já citada polêmica, que este texto não vai entrar no mérito, outra questão: Ipuã precisa de mais Creches?
Minha resposta enquanto educador para a questão se a cidade precisa de mais Creches, será sempre “sim*”.
Mas este “sim*” vem acompanhado de asterisco porque tem algumas ressalvas.
A primeira delas diz respeito ao novo modelo de Creche que vigora (ou deveria vigorar) com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Pela LDB, a figura da Creche como tradicionalmente as gerações mais antigas entendia, de um espaço destinado apenas aos cuidados de crianças para pais poderem trabalhar, foi abolida por completo.
A partir da LDB, aprovada no final de 1996, a Creche passou a pertencer à Educação Infantil, um período anterior ao Pré Escola e com uma dupla função: os cuidados com as crianças e o aspecto pedagógico das crianças de 0 a 3 anos.
E não especifica apenas crianças cujos pais trabalham, mas todas as crianças de 0 a 3 anos têm o direito de frequentar a Creche.
Digo isso porque o senso comum, muitas vezes tratando erroneamente o conceito de creche como apenas espaço de cuidados às crianças, vê com maus olhos mães que não estejam trabalhando, procurando vagas em creches.
Mais do que cuidados, o conceito moderno de Creche prevê que as crianças recebam as primeiras noções educacionais que a idade necessita e que lhes será fundamental nas fases escolares seguintes.
Essa volta toda foi para deixar clara a mensagem de que Creche é escola, é modalidade de educação infantil e não depósito de crianças.
Para isso é fundamental que haja nas salas de aulas das Creches, Professores; pois a lei é clara ao designar apenas a eles o papel didático pedagógico, ficando os monitores (ou qualquer outra denominação) com a função de apoio, não devendo se transformar em uma alternativa econômica usada para não se gastar com Professores.
Já escrevi sobre isso aqui no jornal, que quando da minha passagem pelo Departamento de Educação, tive por objetivo substituir gradualmente os monitores usados com função docente, por professores. Uma ideia muito própria, que geraria custos ao município e que com a minha saída do cargo em 2008, acabou não seguindo adiante.
Um segundo ponto diz respeito ao tamanho das Creches.
Por razões óbvias, uma Creche grande dá menos gastos que várias Creches menores.
Menos gasto na sua construção e manutenção, além da necessidade de contratar apenas uma Diretora e Secretária, por exemplo.
Mas não sou economista, sou Educador e meu olhar sempre será sobre a qualidade da Educação oferecida.
Uma Creche com 300 alunos pode ser mais barata aos cofres municipais, mas 3 Creches de 100 alunos é muito mais adequada à qualidade da educação que esperamos.
Então a minha resposta sobre a pergunta “Ipuã precisa de mais creches?”, é:
- Sim, desde que sejam Creches cujo currículo vá além do cuidado com as crianças e desenvolva atividades pedagógicas próprias da idade dos alunos, e que sejam menores, portanto mais funcionais e consequentemente, ofereçam uma melhor qualidade na Educação.
Esse é o asterisco da resposta lá em cima.

*Orandes Rocha defende que Creche também é Escola.

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