Ipuã precisa de mais Creches?
Por Orandes Rocha*.
A recente polêmica sobre uma futura
desapropriação da área onde durante anos funcionou o Lar São Vicente de Paulo,
para a hipótese de ser transformado em Creche trouxe, além, da já citada
polêmica, que este texto não vai entrar no mérito, outra questão: Ipuã precisa
de mais Creches?
Minha resposta enquanto educador para a
questão se a cidade precisa de mais Creches, será sempre “sim*”.
Mas este “sim*” vem acompanhado de asterisco
porque tem algumas ressalvas.
A primeira delas diz respeito ao novo modelo
de Creche que vigora (ou deveria vigorar) com o advento da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB).
Pela LDB, a figura da Creche como
tradicionalmente as gerações mais antigas entendia, de um espaço destinado
apenas aos cuidados de crianças para pais poderem trabalhar, foi abolida por
completo.
A partir da LDB, aprovada no final de 1996, a
Creche passou a pertencer à Educação Infantil, um período anterior ao Pré
Escola e com uma dupla função: os cuidados com as crianças e o aspecto
pedagógico das crianças de 0 a 3 anos.
E não especifica apenas crianças cujos pais
trabalham, mas todas as crianças de 0 a 3 anos têm o direito de frequentar a
Creche.
Digo isso porque o senso comum, muitas vezes
tratando erroneamente o conceito de creche como apenas espaço de cuidados às
crianças, vê com maus olhos mães que não estejam trabalhando, procurando vagas
em creches.
Mais do que cuidados, o conceito moderno de
Creche prevê que as crianças recebam as primeiras noções educacionais que a
idade necessita e que lhes será fundamental nas fases escolares seguintes.
Essa volta toda foi para deixar clara a
mensagem de que Creche é escola, é modalidade de educação infantil e não
depósito de crianças.
Para isso é fundamental que haja nas salas de
aulas das Creches, Professores; pois a lei é clara ao designar apenas a eles o
papel didático pedagógico, ficando os monitores (ou qualquer outra denominação)
com a função de apoio, não devendo se transformar em uma alternativa econômica
usada para não se gastar com Professores.
Já escrevi sobre isso aqui no jornal, que
quando da minha passagem pelo Departamento de Educação, tive por objetivo
substituir gradualmente os monitores usados com função docente, por
professores. Uma ideia muito própria, que geraria custos ao município e que com
a minha saída do cargo em 2008, acabou não seguindo adiante.
Um segundo ponto diz respeito ao tamanho das
Creches.
Por razões óbvias, uma Creche grande dá menos
gastos que várias Creches menores.
Menos gasto na sua construção e manutenção,
além da necessidade de contratar apenas uma Diretora e Secretária, por exemplo.
Mas não sou economista, sou Educador e meu
olhar sempre será sobre a qualidade da Educação oferecida.
Uma Creche com 300 alunos pode ser mais
barata aos cofres municipais, mas 3 Creches de 100 alunos é muito mais adequada
à qualidade da educação que esperamos.
Então a minha resposta sobre a pergunta “Ipuã
precisa de mais creches?”, é:
- Sim, desde que sejam Creches cujo currículo
vá além do cuidado com as crianças e desenvolva atividades pedagógicas próprias
da idade dos alunos, e que sejam menores, portanto mais funcionais e
consequentemente, ofereçam uma melhor qualidade na Educação.
Esse é o asterisco da resposta lá em cima.
*Orandes Rocha defende que Creche também é
Escola.
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