Dentre todos os ultrassons que um pai acompanha, o mais aguardado é o que revela o sexo da criança.
Não que o sexo tenha importância, pois a alegria de ser pai de menina ou menino é rigorosamente a mesma.
Mas a gente que saber para já ir adiantando e comprando roupas e acessórios, mandando fazer decoração já com o nome da criança e, no meu caso, para parar de conversar com o bebê chamando ele de "nenezinho".
Sim, eu converso com a barriga da Tauani na esperança de que a criança esteja ouvindo e, dizem os especialistas, elas ouvem.
Assim, minhas piadas divertidas, meu gosto musical e os jogos do Corinthians já se fizeram ouvidos há algum tempo.
Na minha ilusão, o médico revelaria e sairíamos felizes do consultório.
Ledo engano.
A namorada disse a ele que não queria saber o sexo, para espanto do médico e espanto maior do pai da criança.
Era para o doutor escrever em um papelzinho e colocar dentro de um envelope que ela havia levado.
Tudo era parte de um plano maior que consistia em levar a informação para uma boleira, que faria o bolo que seria usado em um tal de chá revelação, quando então, todos saberíamos o sexo.
Não teve Cristo que fizesse essa mulher deixar essa ideia de lado.
Era tão mais prático o Médico revelar para nós, ali mesmo. Mas não, queria o tal chá e pronto.
Aceitei, sob protestos. Pois nessas coisas o pai nem dá pitaco, quem manda é a mãe.
Deu-se início a uma verdadeira operação de guerra para descobrir o segredo do sexo da criança.
Tentei olhar o Ultrassom no momento em que o Doutro fazia o exame, com a Tau reclamando que eu estava olhando a tela.
Como se a gente conseguisse entender aquelas imagens.
Pensei ter visto um saquinho, então deduzi que era menino, mas soube mais tarde que, o que eu imaginava ser um saco, era o pé da criança.
Tentei pegar o papelzinho que a Tau inocentemente colocou na bolsa. Bolsa essa que ela deixou comigo enquanto mostrava o ultrassom ao ginecologista.
Olhares repressores de outras mulheres na sala de espera do consultório enquanto eu revirava a bolsa não me esmoreceu do meu objetivo.
Pensei em explicar do que se tratava, mas lembrei que estava em meio a grávidas e poderia ser linchado se soubessem que procurava o papel do médico contendo o sexo do meu filho.
Não tive sucesso. Ela me contou que havia colocado em um compartimento secreto da bolsa.
O papel chegou às mãos da boleira. No dia seguinte a procurei "despretensiosamente" querendo encomendar um bolo e assim tentar ver o recheio do bolo da revelação. Também sem sucesso, pois já havia sido advertida sobre minha tentativa.
O papelzinho foi parar nas mãos de uma pessoa que a Tau havia encomendado umas lembrancinhas para dar às madrinhas.
Pensei em invadir a casa dela e roubar o papel. Desisti, melhor esperar para pegar as lembrancinhas e abri-las.
Assim que buscamos as lembrancinhas, esperei um descuido da Tau para tentar abrir. Mas o laço que foi feito no embrulho eu não conseguiria refazer, todos saberiam que foi aberto.
O jeito foi esperar 3 longos dias.
Na véspera da revelação, tendo os meus planos fracassados, comecei a pensar nas pessoas que souberam antes de mim: o médico, a boleira, a ajudante da boleira, a decoradora que fez a caixinha com lembrancinhas para as madrinhas.
E eu nada!
Não é justo!!!!!
Meu medo era que o médico escrevesse menino ou menina e que a caligrafia dele não desse para identificar.
Mas além de boa caligrafia, ele escreveu "sexo masculino".
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