terça-feira, 9 de junho de 2020

Para tratar sobre racismo.

O racismo está nas palavras: "ovelha negra", "dia de preto na folhinha", "trabalhei como um mouro", "mercado negro", "lista negra", "não sou tuas negas", "a coisa tá preta", "denegrir",...

O racismo está nas piadas: mesmo aquelas contadas "inocentemente" e para um círculo pequeno. Geralmente acompanhado de "não sou racista".

O racismo está na indignação: como a negação de reconhecer grandes feitos de pessoas negras no país e no mundo.

O racismo está na relativização: do carro alvejado com 80 disparos, do garoto morto no quarto de casa, a furadeira e guarda-chuva confundidos com armas (curioso como nunca são loiras de olhos azuis, as vítimas dessa confusão), da criança que cai do 9º andar do prédio por negligência (no mínimo) da patroa,... Sempre haverá quem justifique com um "ah, mas também...", ou dizendo que foi fatalidade.

O racismo é velado: quando se pede foto em currículo, quando se coloca contra a política de cotas raciais, quando não estranha nunca ter se consultado com um médico negro, quando o mocinho da novela das 9 não é negro, mas a empregada da mesma novela é.

O racismo não é apenas por componente social: muitas pessoas da elite já foram vítimas de racismo: Daniel Alves, Pelé, Glória Maria, Maju Coutinho, Oprah Winfrey, Halle Barry, Rihanna, ...

O racismo não é da maioria contra a minoria: no Brasil, maior nação negra fora da África, mais da metade da população brasileira não é branca. 

O racismo não é normal: ninguém nasce racista, mas se aprender a sê-lo.

Também não é uma sentença: é possível deixar de ser racista, basta assumir e estar disposto a mudar.

O racismo não é problema apenas Brasileiro: o mundo sofre com esse mal, uns países mais outros menos.

O racismo está nos conceitos: de descaracterizar a escravidão no Brasil, de não aceitar importantes vultos históricos negros, de pedir o "dia da consciência branca" (logo pedirão o dia da consciência ariana?).

Lamentavelmente o racismo é a pior das imbecilidades humanas.

Desejo que o momento de grande evidência mundial nas pautas antirracistas sirvam para uma mudança na sociedade, seja repensando suas práticas e conceitos, seja enquadrando os atos racistas, seja educando as futuras gerações dentro dos conceitos da pluralidade.

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