Tenho sido instado a falar sobre falar o que penso a respeito da possibilidade de Creches "sem férias" e com funcionamento aos sábados.
Tudo isso por conta de uns prints que circulam em grupos de whatsapp.
Vamos primeiro falar do funcionamento das creches aos sábados.
A razão de ser de uma creche é o binômio Educar/Cuidar.
Educar, diz respeito aos aspectos didático-pedagógicos de uma unidade escolar de Educação Infantil, e lembremos que Creche é uma unidade escolar de Educação Infantil.
Enquanto o Cuidar, refere-se às questões inerentes às necessidades das crianças nessa faixa etária: higiene pessoal, afeto, atenção, segurança, socialização e ainda, aos primeiros contatos com aspectos lúdicos indispensáveis para a sua formação. E porque não dizer, atender às necessidades dos pais que trabalham e não têm onde deixar os filhos.
Em um primeiro momento, entende-se abrir creche aos sábados como uma opção para os pais (pai e mãe) que trabalham aos sábados, ter onde deixar os filhos.
Contudo algumas questões se fazem necessárias:
1. A quantidade de pais (pai e mãe) que trabalham aos sábados e têm filhos nas creches, justifica a abertura de todas as creches municipais aos sábados?
2. Aliás, todas as creches funcionariam ou, se for um número mais reduzido de crianças a serem atendidas, apenas uma creche concentraria todas as crianças?
3. Foi realizado um estudo para saber quantas crianças seriam atendidas?
4. As creches atenderiam o dia todo ou somente o período da manhã (pois a maioria dos empregos com trabalho aos sábados é até o horário do almoço)?
Fora as questões administrativas e financeiras como:
5. O impacto financeiro que tal medida provocaria, foi estudado?
6. As cargas horárias de monitores e diretores de creche (e consequentemente os seus salários) seriam alteradas ou seriam pagos na forma de horas extras?
7. Os auxiliares administrativos, as merendeiras, os auxiliares de manutenção, todo esse pessoal de apoio mobilizado para o funcionamento da creche aos sábados, receberia hora extra?
Educação não tem gasto, tem investimento; mas há que se questionar: Creche aos sábados traria benefícios socioeducacionais proporcionais ao esforço financeiro e logístico necessários para sua viabilização?
Essa talvez seja a grande questão a ser respondida antes de discutir tal assunto.
Quanto ao fim do recesso para as creches, essa me parece uma ideia interessante.
Aliás, eu próprio tentei implementar em 2005 quando fui Secretário de Educação, e não prosperou por resistências sofridas e, reconheço, por não ter feito exatamente o que cobraria hoje de quem a tentasse: realizar uma ampla discussão com os envolvidos para discutir a viabilidade da ideia.
Lembrando que fim do recesso das creches não significa ausência de férias para servidores e alunos, pois o contato da criança com a família é imprescindível para a formação sua formação social e as férias é um direito de todo trabalhador brasileiro, mas fazer com que as férias de cada aluno coincida com as férias de seus respectivos pais, uma vez que nem todos os pais conseguem tiram férias em janeiro, mês das férias escolares.
Quanto as férias do monitores, diretores e demais servidores das creches, seriam escalonadas da mesma maneira que os demais servidores da prefeitura, cada um no mês que melhor lhe convier. Bastaria organizar.
Se essas ideias estão mesmo nos planos da atual Administração Municipal, entendo que esta deveria discutir sua viabilidade em uma análise muito mais ampla e profunda, como a complexidade dos temas em pauta requer.
Uma discussão que envolva todos os sujeitos escolares: gestores, professores, monitores, pais de alunos e setores da sociedade civil e do meio acadêmico, para discutir a viabilidade de sua execução, e não apenas ventilar possibilidades em story de redes sociais.