sábado, 21 de abril de 2012

Com o giz na mão.

Quando eu ainda ensinava História (há muito tempo atrás), gostava de contar para os alunos a versão verdadeira, ou a mais aceitável, da história de Tiradentes.
Nada a ver com a versão romanceada dos livros de História do ensino fundamental, que inclusive aproximava-o fisicamente da imagem, convencionalmente aceita, de Jesus Cristo.
Não que Tiradentes não tenha sua importância na História do Brasil, mas deixava claro aos alunos que ele foi um "bode expiatório", que morreu por não ter "as costas quentes" como os demais insurretos e ainda, que só se tornou o mito que é hoje, com o advento da Proclamação da República, quando o novo governo necessitava de um herói militar, oriundo das camadas populares e que morrera lutando pela independência do país do julgo de Portugal.
Já publiquei sobre isso no Blog antigo e  você pode procurar o texto, intitulado "Tiradentes", clicando aqui.
Esse breve resumo da História foi só pra contar que certa vez, um aluno  me perguntou sobre a possibilidade de Tiradentes não ter morrido, pois ele havia lido em algum lugar que Tiradentes teria sido salvo pela Maçonaria, que em seu lugar colocou um mendigo para ser enforcado enquanto o verdadeiro Tiradentes era enviado, a salvo, para algum lugar fora do Brasil.
Com o advento da internet, as várias teorias da conspiração, umas com base científicas, outras não, fazem com que os alunos mais curiosos transformem-se em detetives, querendo arrancar de nós, incautos professores, alguma confissão para validar a teoria.
Já fui questionado em sala de aula:
- Se é verdade que Getúlio Vargas não suicidou-se, mas sim, assassinado (essa é a mais clássica das teorias da conspiração no Brasil).
- Sobre o navegador anônimo, que teria escrito cartas relatando a descoberta do Brasil bem antes de Pedro Álvares Cabral.
- Sobre a veracidade da inscrição Fenícia na Pedra da Gávea.
- Se é verdade que a CIA tramou a morte do Kennedy.
- Uma aluna certa vez, apaixonada por Leonardo da Vince, aproveitando a onda de publicações, me questionava constantemente sobre o tal "código".
- Se Jesus era maçom. (E até onde eu sei, a Maçonaria surgiu na Idade Média).
Para que meus alunos não fiquem ofendidos, quero lhes dizer que adoro ouvir essas teorias e, sempre que posso, ou sempre que sei, lhes dar alguma resposta convincente, ou o meu próprio ponto de vista.
E para empatizar-me com eles, digo que quando aluno, também tinha as minhas curiosidades, o que acabava sempre em questionamentos aos professores, geralmente de História.
Recordo que no cursinho, procurei um professor, questionando-lhe sobre a possibilidade de Getúlio Vargas e Tancredo Neves, terem sido assassinados.
Lembro que ele respondeu que Getúlio havia suicidado, que não existe qualquer indício de assassinato. E concluiu de modo a me deixar mais cabreiro com a história: "Já a morte do Tancredo... essa foi mais estranha".

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